Porto de Lisboa ainda não sentiu efeito da greve dos estivadores

Sindicato explica que ainda não se verificou qualquer das condições anunciadas no pré-aviso de greve que determinavam a paragem total das operações.

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Daniel Rocha /Arquivo

Passada uma semana sobre o início da greve dos estivadores (começou a 14 de Novembro), ainda não houve nenhum impacto, porque os estivadores do Porto de Lisboa sempre estiveram disponíveis para trabalhar. Segundo a explicação do Sindicato, “até agora, ainda não se verificou qualquer das condições anunciadas no pré-aviso de greve que determinavam a paragem total das operações, nomeadamente a tentativa de substituir os estivadores profissionais por mão-de-obra alternativa que alguns patrões continuam a recrutar nos bastidores”.

“Os estivadores estiveram inclusivamente obrigados, durante esta primeira semana de greve, à realização de trabalho suplementar o qual, face às pressões e assédio contínuo, alguns estivadores aceitaram fazer, mesmo numa situação de greve, embora as empresas estejam a desrespeitar a legislação em vigor, dado a maior parte dos estivadores já ter ultrapassado os limites legais de trabalho suplementar”, esclarece o mesmo sindicato, num comunicado publicado na página da estrutura.

A luta dos estivadores, que a Associação dos Operadores Portuários de Lisboa cedo classificou de “irracional” por estar contra a aplicação de uma lei que está em vigor, prende-se com a liberalização do trabalho portuário, imposta por uma lei aprovada pela maioria PSD/CDS-PP e que contou também com os votos favoráveis do PS. As negociações para um novo contrato colectivo de trabalho acabaram por ser canceladas quando já havia acordo em quase 90% dos assuntos, mas continuou a esbarrar na ideia de ser possível contratar prestadores de serviços fora da empresa que sempre prestou este trabalho portuário.   

Os estivadores continuam a criticar esta legislação – que incorporou directivas comunitárias – e insistem estar "unidos na luta contra esta Golpada do capital”, referindo-se à denúncia das negociações por parte das empresas que eram do universo da Tertir – ex-Mota-Engil, e recentemente vendida aos turcos da Yildirim.

“As empresas portuárias ou, pelo menos, algumas dessas empresas, por razões que agora começam a ficar claras, pelas negociatas à beira de serem finalizadas, tentam provocar um crescente caos no Porto de Lisboa, danos irreversíveis à economia nacional e ao próprio porto, ao serviço de outros interesses, nomeadamente imobiliários, para falsa e cobardemente acusarem desta catástrofe orquestrada os estivadores”, lê-se na mesma tomada de posição.

Depois de terem sido entregues novos pré-anúncios de greve, a previsão agora é que esta se mantenha até ao próximo dia 11 de Dezembro. Esta sucessão de greves foi decidida em articulação com o IDC - International Dockworkers Council, que deixou clara a sua solidariedade numa moção aprovada na sua última assembleia, realizada em Salónica, na Grécia. O PÚBLICO tentou ouvir os representantes da Associação dos Operadores Portuários, mas ainda não teve sucesso.

 

 

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