"Brexit": Três fundos de investimento imobiliário britânicos suspenderam reembolsos

Moeda britânica renova novo mínimo de 31 anos face ao dólar e também cai face ao euro.

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Receio dos efeitos do "Brexit" fazem aumentar pedidos de resgate de fundos de investimento imobiliário Lucas Jackson/Reuters

Já são três os fundos de investimento imobiliário a pedir a suspensão temporária de reembolsos, o que impede os investidores que detêm unidades de participação de as resgatar e recuperar o capital investido (ou parte dele), em função do valor de mercado. Depois do Standard Life e do Aviva Investors Property Trust, o M&G Investments também acabou por pedir essa suspensão.

O receio de que “Brexit” possa gerar uma fuga de multinacionais e de grandes empresas do mercado britânico, deixando inúmeros imóveis vazios, o que reduz o seu valor,  está a assustar os investidores com aplicações financeiras neste mercado. Alguns bancos internacionais estão a recusar empréstimos para compras de activos neste  sector, o que se reflecte na valor das acções de empresas imobiliárias e de fundos de investimento cotados.

Os três fundos que “congelaram” as aplicações dos investidores gerem activos globais no valor de 8900 milhões de libras, cerca de 10.500 milhões de euros.

Para além da pressão sobre o sector imobiliário e financeiro, o dia de ontem ficou marcado por uma nova desvalorização da moeda britânica. A libra negociou em queda face ao dólar, tendo fixado novo mínimo de 1985. Ao final do dia, a moeda britânica seguia a valer 1,3073 dólares, com uma queda superior a 1%. Face ao euro, a libra também caiu para mínimos de dois anos, para 1,18 euros.

Nos mercados accionistas, à excepção da bolsa de Londres, o dia foi de fortes quedas, sendo visível uma saída de activos de maior risco para outros considerados de refúgio. O principal índice londrino subiu 0,35%, no dia em que o Banco de Inglaterra anunciou que decidiu baixar de 0,5% para 0% a “almofada” de segurança imposta aos bancos, de forma a permitir que estejam melhor preparados para uma eventual turbulência. Segundo a AFP, a medida anunciada pelo banco central britânico deverá fornecer aos bancos uma capacidade de empréstimo adicional de 150 mil milhões de libras (178,9 mil milhões de euros) para as famílias e as empresas.

A instituição - que admitiu que os riscos do “Brexit” para a estabilidade financeira já “se começaram a manifestar” - decidiu aumentar esta exigência específica em Março. A sua aplicação estava agendada para Março de 2017 mas o Banco de Inglaterra considera agora que os bancos devem ser dispensados desta restrição adicional, a fim de poderem desempenhar o seu papel de “pulmão da economia”. O anúncio não evitou, contudo, a queda em bolsa dos principais bancos britânicos.

Na Europa, as maiores descidas foram registadas nas bolsas de Madrid (- 2,28%) e de Lisboa (- 2,28%), mas também foram expressivas nos principais índices de Frankfurt (-1,82%) e de Paris (-1,69%). As fortes quedas das bolsas são agravadas pelas necessidades de recapitalização da banca europeia, com o enfoque actual a recair sobre as instituições italianas. Ontem o italiano Monte dei Paschi desvalorizou 19%, depois da queda de 13% na véspera, com os jornais italianos a avançarem que o Governo está a negociar uma injecção de capital para reduzir o peso do crédito malparado.

As expectativas negativas dos investidores face ao crescimento económico mundial explicam a queda superior a 4% dos preços do petróleo, com o Crude a negociar a 46,58 dólares e o Brent a 47,77 dólares.

Como acontece nos períodos de maior instabilidade nos mercados, aumentou a procura de dívida alemã, com as bunds a negociar - 0,185%, e a venda de obrigações dos países europeus. As obrigações do tesouro portuguesas a dez anos voltaram a negociar acima dos 3%.

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