Forte queda no BCP leva à proibição das vendas a descoberto

Acções caíram 11% e direitos de participação no aumento de capital registaram forte variação.

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BCP, presidido por Nuno Amado, tem em curso um aumento do capital. LM MIGUEL MANSO

No primeiro dia de negociação dos direitos de participação no aumento de capital do BCP, as acções do banco encerraram em forte queda, superando os 11%, para 14,27 cêntimos. A desvalorização, acima dos 10%, permite a proibição das vendas a descoberto (com recurso a empréstimo dos títulos) e foi isso que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários decidiu esta quinta-feira.

A entidade supervisora considera que “a flutuação do preço das acções em causa não pode excluir a ocorrência de um fenómeno de especulação com impacto negativo”, e por isso proibiu as vendas a descoberto nesta sexta-feira. A proibição temporária de vendas a descoberto também é extensiva “a alguns aspectos dos swaps de risco de incumprimento”.

As vendas a descoberto, também designadas de short selling, consistem na venda de títulos com recurso a empréstimo de títulos, na expectativa de que será possível recomprá-las a um peço mais baixo, ganhando assim com a diferença.

Na primeira sessão em que foi possível vender os direitos de participação no aumento de capital, a cotação das acções esteve muito pressionada, ao mesmo tempo que o valor dos direitos registou fortes variações. O valor teórico das acções e dos direitos fecharam com valores dissonantes. As acções fecharam a 14,27 cêntimos, acima do valor dos direitos, o que pode levar a nova queda esta sexta-feira.

Os direitos, um por cada acção detida (que garante a compra de mais 15 novos títulos), registaram igualmente uma forte desvalorização, em 36,3%, para 64 cêntimos. Esta queda é explicada por alguma pressão vendedora, por parte de accionistas que não querem participar no aumento de capital, mas essencialmente por causa da valorização das acções nas sessões de terça e quarta-feira.

Depois do destaque dos direitos, que passam a negociar de forma autónoma, as acções do BCP subiram, atirando o valor teórico dos direitos para 1,005 euros. Com o arranque da negociação, esta quinta-feira, desvalorizaram os direitos e as acções. Foram negociados cerca de 30 milhões de direitos, um montante não muito elevado.

O aumento de capital em 1300 milhões de euros, realizado através da emissão de 14 mil milhões de novas acções, vendidas a 9,4 cêntimos cada, dilui de forma muitíssimo acentuada a participação dos accionistas que não acompanhem a operação. As novas acções, juntamente com as 157,4 milhões vendidas aos chineses da Fosun, em Novembro do ano passado, corresponderão a 94,79% das acções representativas do capital social do BCP.

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