Um juiz italiano aprovou este sábado o pedido do ministério público italiano para levar a tribunal seis gestores actuais e passados do Deutsche Bank, dois do banco Nomura e cinco do Banca Monte dei Paschi di Siena para responder às acusações de falseamento das contas do banco italiano e de manipulação do mercado. As próprias instituições financeiras terão de se defender da possibilidade de assumirem responsabilidades pelos crimes que possam ter sido cometidos pelos seus funcionários.

De acordo com a agência noticiosa Bloomberg, estão em causa duas transacções financeiras envolvendo derivativos (títulos cujo valor deriva do preço presente ou futuro de um outro activo) que o Monte dei Paschi, terceiro maior banco italiano e instituição financeira mais antiga do mundo, realizou em 2008 e em 2009 recorrendo aos serviços do alemão Deutsche Bank e do japonês Nomura.

A investigação realizada pelo procuradores italianos aponta para que o Monte dei Paschi decidiu realizar estas transacções para esconder os maus resultados obtidos pelo banco. O falseamento das contas que resultou dessas operações prolongou-se pelo período de 2008 a 2012.

Apenas em 2013, depois de uma notícia publicada pela agência Bloomberg, é que se tornou pública esta prática de maquilhagem das contas, tendo ficado ainda mais claros a partir desse momento os problemas financeiros do Monte dei Paschi.

O banco italiano foi por diversas vezes alvo de capitalizações e continua a ser um desafio preocupante para as autoridades italianas que ainda procuram uma solução definitiva para garantir a solidez das contas de um dos principais bancos do país.

O papel do Nomura e principalmente do Deutsche Bank na operacionalização destas transacções destinadas a falsear as contas agrava ainda mais a desconfiança em relação à forma como estes bancos de investimento internacional se comportam perante as regras e as regulações existentes. No caso do banco alemão, a notícia da acusação em Itália, surge numa altura em que existem muitas dúvidas quanto às próprias contas da instituição, afectadas pela possibilidade de aplicação pelas autoridades reguladoras dos Estados Unidos de uma multa pesada por conta do papel do Deutsche Bank no deflagrar da crise financeira de 2008.