CGTP garantiu 104 mil novos sindicalizados mas não diz quantos perdeu

Nos últimos quatro anos, a central sindical conseguiu ultrapassar o objectivo definido no último congresso. Número total de sindicalizados não foi revelado.

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Enric Vives-Rubio
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Em quatro anos, a CGTP garante que conseguiu cativar mais de 104 mil novos sindicalizados e superar a meta de 100 mil a que se tinha proposto em 2012. O anúncio foi feito durante a abertura do XIII congresso da CGTP que está a decorrer em Almada, mas a central sindical não revelou o número total de sindicalizados, pelo que não é possível saber se estas novas entradas foram suficientes para compensar as saídas.

“Só a justiça dos nossos objectivos, a firmeza com que defendemos os direitos dos trabalhadores e a persistência da nossa intervenção, tornou possível que mais de 104 mil trabalhadores se sindicalizassem nos nossos sindicatos, superando a meta a que nos tínhamos proposto no último congresso”, anunciou Arménio Carlos, aplaudido pelos mais de 700 delegados que participam no congresso e pelos trabalhadores convidados que preenchiam as bancadas superiores do Complexo Municipal dos Desportos de Almada. “CGTP, Unidade sindical!”, gritavam.

Questionado mais tarde pelos jornalistas, o líder da CGTP, que se prepara para iniciar um segundo e último mandato à frente da central, não revelou o número total de sindicalizados: "O saldo líquido ainda está a ser apurado, considerando que é o que vai resultar do apuramento das actas e isso só será feito no final do congresso".

No entanto, deixou claro que os novos sindicalizados não podem somar-se aos 614.088 que existiam em 2012. "O facto de terem entrado mais de 104 mil trabalhadores não quer dizer que os possamos juntar aos que tínhamos no último congresso. Por uma razão muito simples: se desapareceram centenas de postos de trabalho, se o desemprego aumentou e se há uma emigração massiva, também houve trabalhadores em número significativo que saíram", reconheceu.

Mais jovens na saúde e no comércio
No relatório de actividades apresentado nesta sexta-feira, verifica-se que as 104.349 novas entradas, que também contabilizam readmissões, tiveram maior expressão na administração pública (23.188), no sector do comércio e serviços (20.242), na metalurgia, química e indústria eléctrica (13.686) e na agricultura, alimentação, hotelaria e bebidas (12.875). Entre os sectores que tiveram uma adesão mais relevante destacam-se ainda os professores (9369), o sector dos transportes (6896) e o têxtil (5944).

Destes sindicalizados, quase 57% dão mulheres e 15,2% jovens até aos 30 anos. Olhando para o peso dos jovens no total de novas adesões, é na saúde e nos quadros técnicos que eles assumem maior expressão (44,7% e 38,3%, respectivamente). Segue-se o sector do comércio, onde quase 22% dos novos sindicalizados têm menos de 30 anos. No pólo oposto estão sectores mais afectados pela crise dos últimos quatro anos. Na construção, os jovens representam 4,6% dos trabalhadores que aderiram aos sindicatos da CGTP e na função pública 6,7%.

Com o objectivo superado, a CGTP vai elevar a fasquia e estabeleceu como meta para os próximos quatro anos conseguir 110 mil novas sindicalizações.

Combate à precariedade
Outro dos desafios para os próximos quatro anos, tal como prevê o programa de acção que será aprovado neste sábado (o último dia do congresso) é o lançamento de uma campanha contra a precariedade - “uma praga que importa combater com todas as nossas forças” - e trazer esses trabalhadores para dentro dos sindicatos.

“Não podemos continuar a tratar a precariedade como se fosse apenas um problema dos trabalhadores ou dos jovens. É um problema que põe em causa o futuro do país e um elemento gerador da baixa de salários e do medo de os trabalhadores exercerem os seus direitos”, frisou o secretário-geral da CGTP.

Durante esta sexta-feira, os delegados do congresso debateram o programa de acção e as alterações de estatutos, tendo sido chumbadas as propostas de alteração que visavam dar mais meios e maior representatividade às correntes minoritárias  de socialistas e de bloquistas nos órgãos executivos da CGTP. O tema é recorrente, mas mais uma vez não teve qualquer efeito.

A grande questão, que passa para este sábado, é saber até que ponto os delegados aceitam incluir no programa de acção as propostas de vários sindicatos. Uma delas, proposta pela tendência socialista, passa por integrar uma análise do actual momento político, realçando o carácter inédito de um Governo do PS que é apoiado pelo PCP e pelo BE.

Embora o assunto esteja praticamente ausente do programa, Arménio Carlos reconhece que “nunca tivemos uma situação política como a que estamos a viver e que, a priori, abre outro tipo de potencialidades”. “Naturalmente que vamos tentar ao máximo explorar ao máximo esta nova situação”, acrescentou.

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