Emprego criado desde 2013 é mais instável e pior remunerado

Estudo estatístico do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra foi apresentado esta terça-feira no colóquio parlamentar intitulado Novo emprego. Que emprego?.

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ADRIANO MIRANDA/Arquivo

Os empregos criados em Portugal desde 2013 são menos estáveis e pior remunerados do que antes da crise económica internacional de 2008, conclui um estudo estatístico, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, apresentado esta segunda-feira e já noticiado pelo PÚBLICO no último domingo.

As conclusões do trabalho, em colaboração com o Observatório Sobre Crises e Alternativas (OSCA), foram apresentadas em colóquio parlamentar intitulado Novo emprego. Que emprego?" organizado pela 10.ª comissão parlamentar (Trabalho e Segurança Social), presidida pelo deputado social-democrata Feliciano Barreiras Duarte.

Com base na análise aos fundos de compensação do trabalho, introduzidos em 2013, o investigador João Ramos de Almeida determinou que o emprego pouco evoluiu ao longo de oito anos, desde 2000, mas sofreu, com a recessão, entre 2011 e 2013.

"No novo emprego, os contratos permanentes são apenas um terço, ao contrário do passado, em que os contratos permanentes eram dominantes. A esmagadora maioria dos novos contratos são de ramos dos serviços e a remuneração média dos novos contratos está muito próxima do salário mínimo nacional, entre 2013 e 2017. A remuneração média dos contratos permanentes tem vindo também a baixar e a aproximar-se dos novos tipos de contratos, que contemplam uma miríade de formas de trabalho - de baixa duração, em permanente rotação", disse Ramos de Almeida, referindo-se às alterações à legislação laboral operadas pelo governo PSD/CDS-PP.

Segundo o especialista, "houve uma renovação dos contratos" e "cerca de 25% dos novos contratos criados até 2015 eram com menos de dois meses de duração, podendo abranger o mesmo trabalhador várias vezes".

"A partir de 2013, registou-se uma retoma do emprego, mas o nível salarial médio e de ganhos tem decrescido. Desde Outubro de 2013 até Maio de 2017 houve 3,3 milhões de novos contratos, 2,2 milhões contratos cessados", afirmou.

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