PJ admite que abusos de professor detido possam ir muito além dos 2 mil já identificados

Denúncia partiu de ex-alunas, hoje adolescentes e que frequentam outro agrupamento de escolas da Póvoa de Lanhoso. Investigação centrou-se nos últimos sete anos, mas será agora alargada.

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Investigação vai ser alargada a outras escolas onde o professor deu aulas Marco Duarte
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Um professor do 1.º ciclo, com 50 anos, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) na sequência de uma investigação que, nas últimas semanas, permitiu encontrar indícios de 2 mil crimes de abuso sexual de crianças, a maioria deles agravado, cometidos “em contexto de sala de aula”. A PJ admite, porém, que o número total de crimes cometidos pelo docente possa ser muito superior, preparando-se para alargar o âmbito da operação que, para já, se centrou em actos praticados nos últimos sete anos.

O professor em causa dá aulas no 1.º ciclo no Agrupamento de Escolas Gonçalo Sampaio, na Póvoa de Lanhoso. Os casos mais antigos dos alegados abusos sexuais contra os seus alunos – crianças dos 6 aos 9 anos, segundo a PJ – remontam ao ano lectivo 2017/18.

Terá sido nesta altura que o professor agora detido deu aulas às alunas de quem partiu a denúncia. As estudantes, hoje adolescentes e a frequentarem a Escola Secundária da Póvoa de Lanhoso, o outro agrupamento escolar do concelho, contaram a situação que viveram a colegas mais velhas.

Em causa estão comentários sexuais e insinuações, mas também toques impróprios às crianças com as quais trabalhava, muitos deles em contexto de sala de aula. Foram estas alunas mais velhas que fizeram chegar a situação ao conhecimento da direcção da escola secundária, que a comunicou à PJ.

A investigação foi iniciada há poucas semanas e teve resultados “em tempo recorde”, valoriza fonte próxima da investigação. A denúncia foi feita “muito recentemente”, confirma ao PÚBLICO fonte da direcção da Escola Secundária da Póvoa de Lanhoso.

Até ao momento, não foi possível chegar ao contacto com a direcção do Agrupamento de Escolas Gonçalo Sampaio, onde o docente detido dava aulas.

A prioridade da investigação foi recolher indícios que permitissem levar à detenção do professor, interrompendo o perigo da prática criminosa contra os menores, centrando-se nos últimos sete anos e na escola onde trabalhou mais recentemente.

A investigação vai ser alargada no tempo e no espaço. O professor dá aulas na Póvoa de Lanhoso há cerca de uma década, mas antes já tinha passado por escolas do Porto, Vila Nova de Gaia, Barcelos e Amares. É “por isso, ainda desconhecida a real dimensão da sua actividade criminosa”, avança a Judiciária, em comunicado, admitindo que o número real de crimes praticados por este docente possa ser bem superior aos 2 mil que já foram até agora apurados.

“Do que foi possível apurar até ao momento, 2 mil crimes de abuso sexual de crianças, a maioria agravado, e também, pelo menos, um crime de pornografia de menores”, avança em comunicado a PJ, que investiga o caso através do Departamento de Investigação Criminal de Braga. Os indícios recolhidos permitiram deter o professor esta terça-feira.

O docente foi levado ao Tribunal Judicial de Braga esta quarta-feira, mas acabou por não ser presente para primeiro interrogatório judicial e aplicação de medidas de coacção, devido à greve dos funcionários judiciais. Regressará ao tribunal esta quinta-feira.

Ainda segundo a Judiciária, foram também realizadas buscas na escola EB 1 onde o professor em causa dava aulas, na sequência das quais “acabaram por ser localizados e apreendidos alguns objectos que poderão estar relacionados com a prática dos referidos crimes”.

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