Portugal é o país com mais patrões sem instrução e o 5º com o salário mais baixo

Cerca de 44% dos empregadores têm apenas o 9º ano de escolaridade, mostram os dados divulgados esta terça-feira pela Pordata

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Restauração, agricultura, pescas e alojamento são os sectores mais afectados Paulo Pimenta
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Portugal é o 5º país da União Europeia com o salário médio mais baixo, sendo as áreas da agricultura, pescas, alojamento e restauração os sectores onde menos se ganha. Para além disso, os dados divulgados pela Pordata esta terça-feira, 30 de Abril, mostram que Portugal tem a maior proporção de patrões sem instrução ou com o ensino básico.

Num retrato do mercado laboral em Portugal, no âmbito do 1º de Maio (Dia do Trabalhador), a Pordata indica que tanto o salário mínimo nacional, como o salário médio português estão entre os 10 mais baixos da União Europeia (UE).

Os dados revelam que Portugal é o 5º país com salário médio mais baixo, quando considerando o custo de vida, apenas acima da Eslováquia, Grécia, Hungria e Bulgária. Por outro lado, em Espanha os salários são, em média, um terço mais elevado do que em Portugal.

A Pordata revela ainda que o salário médio anual por trabalhador (sem paridade de poder de compra) em Portugal era o 10º mais baixo dos países da UE, em 2022, com os salários nos 10 países que registam os mais elevados a serem, pelo menos, duas vezes superiores aos dos 10 países da cauda, onde se inclui Portugal. Também o salário mínimo português, quando considerado em paridade de poder de compra, está entre os 10 mais baixos dos 22 países da União Europeia com salário mínimo.

“Em 20 anos, Portugal foi ultrapassado pela Polónia, Lituânia e Roménia no que diz respeito ao salário mínimo nacional (SMN)”, refere, acrescentando que o salário mínimo nacional é 26% mais baixo do que em Espanha e 47% do que em França.

Os dados revelam que o ordenado médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem, em Portugal, incluindo horas extra, subsídios de férias e Natal ou prémios, foi de 1368 euros em 2022. “O salário mínimo nacional está cada vez mais próximo do ordenado médio. Em 2002, o salário mínimo correspondia a 43% do ganho médio e em 2022 esta percentagem já tinha subido para 52%”, assinala.

Os dados indicam ainda que o salário médio em Portugal dos trabalhadores do sector do alojamento e restauração (873 euros) e o da agricultura e pescas (916 euros) estão entre os mais baixos. Por outro lado, o sector das actividades financeiras e de seguros (1705 euros), da electricidade, gás e água (2243 euros) e de organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (3156 euros) são aquele em que o salário médio é mais elevado.

44% dos empregadores têm apenas o 9º ano de escolaridade

Ainda no mesmo retrato, a Pordata destaca que Portugal tem a maior proporção de patrões sem instrução ou com o ensino básico da União Europeia. Os números dizem que quase metades dos trabalhadores por conta própria como empregadores (44%) têm, no máximo, até ao 9º ano de escolaridade. No entanto, verifica-se uma evolução positiva face aos 60% registados há 10 anos.

A Pordata realça que, por outro lado, em 2023, os trabalhadores por conta de outrem em Portugal estavam igualmente distribuídos por nível de escolaridade: 1/3 até ao 9º ano, 1/3 com ensino secundário e 1/3 com curso superior. Segundo os dados, o maior aumento de trabalhadores por nível de ensino, em 10 anos, registou-se nos licenciados (+10 pontos percentuais) e a maior diminuição nas pessoas com o 1º ciclo do ensino básico, ou seja, o 4º ano (-7 pontos percentuais).

Em 2013, 1,2% dos trabalhadores por conta de outrem não tinham nenhum ciclo de ensino, 13,3% tinha o primeiro ciclo, 13,8% o segundo ciclo e 22,4% o terceiro ciclo, enquanto 25,7% tinha o ensino secundário e pós-secundário e 23,6% o ensino superior. Em 2023, 0,5% não tinham nenhum ciclo de ensino, 6,3% tinham o primeiro ciclo, 8,9% o segundo ciclo, 18,2% o terceiro ciclo, 33% ensino secundário e pós-secundário e 33,1% o ensino superior.

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