Plataforma de venda em segunda mão Vinted dá lucro pela primeira vez

Criada em 2008, a empresa da Lituânia registou lucro com 17,8 milhões de euros, face aos 20,4 milhões de euros de prejuízo registado em 2022.

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A Vinted serve de intermediário entre comprador e vendedor Nelson Garrido/Arquivo
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A plataforma de venda em segunda mão Vinted acaba de anunciar que deu lucro pela primeira vez em mais de 15 anos. Em 2023, a empresa lituana arrecadou 17,8 milhões de euros em lucros, um crescimento brutal face aos 20,4 milhões de euros de prejuízo registado em 2022. “Estamos na frente de um mercado com um enorme potencial”, celebrou o CEO, Thomas Plantenga, citado pela BBC.

O responsável reconhece que a moda em segunda mão — sobretudo no sistema da Vinted onde os utilizadores vendem directamente a outras pessoas — continua a ser “uma pequena porção” da indústria, mas prevê um crescimento cada vez maior com a empresa a liderar o processo. “Vemos muitas oportunidades à nossa frente, pelo que continuaremos a equilibrar a rentabilidade com as oportunidades de investimento para acelerar o cumprimento da nossa missão”, declarou.

Em 2023, a Vinted (que já actua em Portugal desde 2021) expandiu para novos mercados, incluindo a Dinamarca, Finlândia ou Roménia. Thomas Plantenga destaca ainda o lançamento de um novo sistema de entregas, o Vinted Go, bem como do novo método de verificação de peças de luxo, fruto da compra da plataforma Rebelle. Como resultado, as vendas cresceram 61% para 596,3 milhões de euros.

De acordo com um estudo recente levado a cabo pelo retalhista norte-americano ThredUp, o mercado em segunda mão já vale mais de 197 mil milhões de dólares (cerca de 183 mil milhões de euros) na Ásia, nos Estados Unidos e na Europa. Contudo, o peso da fast fashion continua a dificultar os lucros das plataformas de segunda mão. As gigantes têxteis também têm explorado este terreno, com a Inditex em destaque, depois de terem lançado a plataforma Pre-Owned.

A Vinted é um dos principais nomes deste segmento, a par da Vestiaire Collective ou da Depop, e já emprega mais de duas mil pessoas. No ano passado, Portugal anunciou que passará a monitorizar quem faça 30 vendas por ano ou obtenha 2000 euros através deste tipo de aplicações de segunda mão.

O negócio, que nasceu em 2008 pelas mãos dos empresários lituanos Milda Mitkute e Justas Janauskas, atingiu o estatuto de “unicórnio” em 2019 quando a avaliação de mercado ultrapassou os mil milhões de dólares. O crescimento deve-se também à maior consciencialização para a sustentabilidade na moda e a economia circular surge como uma solução, que não só beneficia o ambiente, como a carteira dos consumidores.

O funcionamento da plataforma é intuitivo: há uma montra que se assemelha a qualquer loja online. “Quando o utilizador vê um artigo que gosta tem duas opções: ou carrega no botão ‘falar com o vendedor’, que lhe permite contactar o membro que está a vender o produto para saber mais detalhes, ou carregar no botão ‘comprar agora’”, explicava Thomas Plantenga ao PÚBLICO. Os preços são negociáveis e, feita a compra, o dinheiro fica em suspenso até o comprador receber a peça. Se tudo estiver bem, o montante entra na conta do vendedor.

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