Estados Unidos aprovam nova terapia para o cancro da bexiga

Tratamento tinha sido “chumbado” devido a irregularidades encontradas na última inspecção. Agora, é finalmente aprovado, usando os glóbulos brancos para criar uma resposta imunitária do nosso corpo.

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O medicamento usa os glóbulos brancos para desencadear uma resposta imunitária contra o cancro Rui Gaudêncio
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A agência do medicamento dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA, na sigla em inglês), aprovou esta segunda-feira a terapia combinada da empresa ImmunityBio para tratar um tipo de cancro da bexiga, pondo fim aos esforços da empresa para colocar o seu tratamento no mercado.

A luz verde da agência norte-americana é uma “bóia de salvação” para a ImmunityBio, que tinha reiterado dúvidas, no mês passado, sobre a sua capacidade de se manter em actividade. No ano passado, a FDA tinha recusado a autorização desta terapia, apelidada de Anktiva, devido a deficiências encontradas durante a inspecção das empresas de produção contratadas pela empresa.

A terapia Anktiva funciona através da activação de um tipo de glóbulos brancos que combatem a doença, denominados células naturais assassinas (NK, na sigla em inglês) e linfócitos T, para criar uma imunidade a longo prazo no organismo.

A empresa ImmunityBio refere que a Anktiva estará disponível nos mercados dos Estados Unidos já em meados de Maio de 2024, mas não respondeu a um pedido de informações sobre o preço da terapia.

O medicamento é utilizado em combinação com a vacina Bacillus Calmette-Guérin (BCG), que é principalmente utilizada contra a tuberculose, mas também como um tratamento comum para algumas formas de cancro da bexiga.

Esta associação entre a terapia e a vacina destina-se a tratar doentes com uma forma de cancro da bexiga que não responde à vacina e em que a doença ainda não se espalhou. Esta situação verifica-se em cerca de 75% a 85% dos doentes com cancro da bexiga, segundo a empresa.

Actualmente, os doentes com cancro da bexiga têm de se submeter a um procedimento chamado “​ablação cirúrgica” e receber quimioterapia ou a vacina BCG como tratamento-padrão.

Na última década, foi também aprovado o medicamento Keytruda, da empresa Merck, mas existe a possibilidade de reincidência, nota o director-executivo da ImmunityBio, Patrick Soon-Shiong.

A ImmunityBio quer “gerar uma sobrevivência global a longo prazo sem cancro”, afiança Patrick Soon-Shiong, acrescentando que “o grande objectivo é fazer avançar os cuidados oncológicos para além da resposta a curto prazo”.

Num ensaio de fase avançada com 83 doentes, o tratamento combinado (vacina e terapia) mostrou um desaparecimento completo dos tumores em 71% dos doentes, com uma duração mediana de resposta de 24,1 meses.

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