Glaciares dos Alpes perderam 10% do volume nos últimos dois anos

Nas zonas terrestres do Árctico, 2023 foi o quinto ano mais quente de que há registo, diz relatório sobre o Estado do Clima na Europa em 2023. Os Alpes são uma das regiões onde o gelo mais recua.

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Competição de esqui nos Alpes Suíços, em Abril de 2024 ANTHONY ANEX / EPA
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Os glaciares dos Alpes perderam 10% do seu volume nos últimos dois anos, numa tendência comum a todos os glaciares europeus, devido a uma baixa acumulação de gelo no Inverno e a um forte degelo no Verão, segundo o relatório Estado do Clima Europeu 2023 divulgado nesta segunda-feira.

Os Alpes são uma das regiões do mundo onde os glaciares estão a recuar mais rapidamente, em conjunto com a Islândia, o Sul dos Andes, o Alasca, o Oeste do Canadá e zonas do Oeste dos Estados Unidos”, lê-se no relatório, elaborado pelo serviço de Alterações Climáticas do programa de observação da Terra Copérnico (C3S, na sigla em inglês) e da Organização Meteorológica Mundial.

“Em 2023, houve uma perda excepcional de gelo nos Alpes, que se seguiu à perda recorde de 2022”, salientam os cientistas. “Temperaturas acima da média na região de Janeiro a Março provavelmente fizeram com que a precipitação caísse sob a forma de chuva e não de neve”, é explicado. Por isso, muitas regiões dos Alpes tiveram menos dias de neve do que a média, o que levou a uma menor acumulação de gelo.

Desde meados do século XIX que os glaciares do mundo inteiro têm vindo a perder volume e a região dos Alpes, a mais alta e mais extensa cadeia montanhosa na Europa, estendendo-se pela Áustria e Eslovénia, Hungria, a leste, através do norte da Itália, Suíça, Liechtenstein e sul da Alemanha, até ao sudeste da França e Mónaco, é uma das mais afectadas. O continente europeu é, aliás, aquele que aquece mais rápido, com as temperaturas a subirem a um ritmo que é cerca do dobro da média global.

No Árctico, desde a década de 1990, o aquecimento está a acontecer “a um ritmo muito superior ao da média global”. Para as zonas terrestres do Árctico, 2023 foi o quinto ano mais quente de que há registo. Os cinco anos mais quentes no topo do mundo ocorreram todos desde 2016.

O arquipélago norueguês de Svalbard, no Árctico, é um dos locais que tem registado um aquecimento mais rápido no planeta. No ano passado, a temperatura média do Verão foi a mais elevada de que há registo, devido, em parte, à formação de gelo marinho abaixo da média e às temperaturas da superfície do mar acima da média.

O relatório sustenta que na Gronelândia, por exemplo, as temperaturas abaixo da média em Maio e Junho atrasaram o início da época de fusão da camada de gelo, mas em Julho e Agosto, houve ondas de calor que provocaram um degelo estival substancial. O resultado foi, concluem, uma perda anual de gelo superior à média.

Também foi registada a temperatura média mais elevada de sempre da superfície do mar na Europa. Em Junho, a zona do oceano Atlântico a Oeste da Irlanda e em torno do Reino Unido assinalou uma onda de calor marítima classificada como “extrema” e, em algumas zonas, como “mais do que extrema", com temperaturas à superfície do mar até 5 graus Celsius acima da média.

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