Recuperar linhas de água do Porto? Plano aponta custos de 40 milhões de euros

Instalação de grandes reservatórios representam maiores investimentos, mas Águas do Porto diz que prioridade passa por soluções de base natural.

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Plano tem medidas para mitigar efeitos de fenómenos extremos no Porto. ADRIANO MIRANDA
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Dos 85 quilómetros de linhas de água que há no Porto, 82% estão entubadas. Estando desenhadas para determinada capacidade, quando há episódios extremos de chuva a infra-estrutura cede e, num cenário de alterações climáticas, é provável que se registem mais episódios desses.

A Câmara Municipal do Porto tem um plano para os seus rios e ribeiras, com intervenções que passam por ter mais cursos de água a céu aberto e por aplicação de engenharia natural. Mas é apontada também a construção de vários reservatórios de grande capacidade, cuja localização ainda não é adiantada.

Esta seria a componente mais pesada e mais cara de um conjunto de investimentos que poderá atingir 40 milhões de euros. Outra medida que significaria um investimento considerável seria a “correcção de fragilidades no sistema de drenagem”.

O montante é uma estimativa e consta dos resultados do Plano de Valorização e Reabilitação das Linhas de Águas do Município do Porto (PVRLA), que foi apresentado nesta quarta-feira, no campus da Asprela, na Universidade do Porto.

Criar estas estruturas implicaria “mexer em zonas já permeabilizadas e urbanizadas”, ressalvou uma responsável da empresa Aqualogus, Daniela Escada, que trabalhou com a autarquia no plano que foi apoiado pelo programa EEA Grants (financiado por Islândia, o Liechtenstein e a Noruega).

Por isso, as prioridades passam por "fugir ao betão quando possível”, refere a responsável pela área das ribeiras da empresa municipal Águas e Energia do Porto, Cláudia Costa, ao PÚBLICO.

O objectivo é aumentar a permeabilidade dos solos, criando zonas de infiltração como acontece no parque da Asprela ou como acontecerá no pequeno parque urbano que os donos de uma unidade hoteleira estão a construir na Lapa.

Há pontos que o município considera críticos como as ribeiras do Poço das Patas, da Granja ou dos Amores, por aí se verificarem episódios de cheia “mais frequentes” ou “impactos mais graves”, refere Cláudia Costa.

A ribeira do Poço das Patas, por exemplo, encontra-se com o rio Douro na zona das Fontainhas, onde existe um bairro alvo de inundações recorrentes, ao ponto de a câmara avançar para a compra das casas para transformar a área num parque com bacias de retenção. Os casos das ribeiras da Granja e dos Amores estão em fase de estudo prévio, acrescenta a responsável.

Outra medida sugerida para mitigar cheias é a conversão de “zonas que possam estar desnecessariamente impermeabilizadas”, como parques de estacionamento ou ruas sem trânsito automóvel, embora estes pontos também não sejam especificados.

Noutras linhas de intervenção, é também proposto o “aumento da arborização e acesso a estruturas verdes”, a implementação de técnicas de rega mais eficientes, “a utilização de águas residuais tratadas em actividades de limpeza” ou a recuperação e estabilização de margens dos troços de água que já estejam a céu aberto.

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