Portugal tem quatro áreas-chave para mamíferos marinhos, diz IUCN

União Internacional para a Conservação da Natureza cria 33 novas áreas relevantes para mamíferos marinhos no mundo. E quatro delas ficam em Portugal: Açores, Madeira, Sado e toda a costa continental.

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A costa portuguesa é uma das novas áreas de importância para mamíferos marinhos, abangendo os golfinhos-comuns que visitam o rio Tejo Nicolau Botequilha
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Um grupo de trabalho da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês) aprovou a criação de 33 novas áreas de Importância para Mamíferos Marinhos, revelou esta segunda-feira um centro da Universidade do Porto. Quatro delas estão em Portugal: os arquipélagos dos Açores e da Madeira, o Sado e toda a costa continental.

O Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), que integrou o grupo de trabalho, esclarece num comunicado que as recém-aprovadas Áreas de Importância para Mamíferos Marinhos (IMMAs) são resultado de "um encontro de trabalho científico intensivo".

Durante esse período, os investigadores avaliaram, compilaram e analisaram os dados relevantes para a definição destas 33 novas áreas, que já foram adicionadas ao mapa IMMA e-Atlas e que estão disponíveis para consulta e acesso.

A investigadora Mafalda Correia, do CIIMAR, explica na nota de imprensa que as escolhas tiveram por base critérios relacionados com "a ecologia e biologia das espécies", podendo ser úteis para a ciência, sociedade e gestão marinha.

Uma das IMMA que engloba a costa continental portuguesa "tem como uma das espécie-alvo o boto", que "corre sério risco de extinção na nossa costa", afirma a investigadora Cláudia Rodrigues, do CIIMAR.

Golfinhos roazes no Sado

Outra das IMMA é a do Sado, que destaca a importância da região para "a pequena população residente de [golfinhos] roazes, que é altamente dependente do estuário do Sado para actividades vitais, como a alimentação, o repouso e a amamentação das suas crias", refere a investigadora Inês Carvalho, do Instituto Gulbenkian de Ciência.

Também Francisco Martinho, da Associação para as Ciências do Mar - APCM, considera que "seria importante que esta IMMA funcionasse como uma chamada de atenção para a urgência da união de esforços de conservação desta população única de golfinhos em Portugal".

Já a IMMA dos Açores engloba "as águas em redor de todas as ilhas até à batimétrica dos dois a três mil metros de profundidade" e visa a protecção da "elevada biodiversidade de cetáceos na região".

Esta IMMA destaca a importância do arquipélago "como área de alimentação, reprodução e migração de várias espécies ameaçadas ou vulneráveis, como a baleia azul, baleia comum ou o cachalote", assinalam os investigadores Mónica Silva, Laura Gonzalez, Sergi Pérez-Jorge e Margarida Rolim, da Universidade dos Açores.

Por sua vez, a IMMA da Madeira estendeu-se ao território espanhol, abrangendo também as ilhas canárias. "Esta IMMA alberga um terço da biodiversidade global de cetáceos, onde habitam populações residentes de roazes, baleias-piloto e baleias-de-bico", refere Luís Freitas, do Museu da Baleia da Madeira.

Já Filipe Alves, do The Marine and Environmental Sciences Centre (MARE), sublinha a importância da área para a "alimentação, repouso, socialização e desenvolvimento das crias de pelo menos 10 espécies de cetáceos".

Os investigadores apelam agora a que estas IMMAs sejam consideradas no ordenamento do território marinho, criação de áreas marinhas protegidas e na realização de avaliações de impacto ambiental. A nível mundial existem actualmente 380 IMMAs e 185 zonas de interesse.

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