Centenas de aves, exaustas pelas tempestades, aparecem mortas nas praias francesas

Impedidas de se alimentarem, centenas de aves mortas deram à costa nas praias francesas do Atlântico. As alterações climáticas, que aumentam a intensidade das tempestades, são uma causa indirecta.

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Uma ave marinha morta que foi encontrada numa praia em Bretignolles-sur-Mer, Vendee, França Reuters/Stephane Mahe
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Uma ave marinha morta que foi encontrada numa praia em Bretignolles-sur-Mer, Vendee, França Reuters/Stephane Mahe
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Investigadores do Instituto do Litoral e do Ambiente (ILE) realizam uma autópsia a uma ave marinha encontrada morta numa praia, em La Rochelle, França Reuters/Stephane Mahe
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Membro da Sea Shepherd France tira uma fotografia de uma ave marinha que foi encontrada numa praia em Bretignoll Reuters/Stephane Mahe
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Uma ave marinha morta que foi encontrada numa praia em Bretignolles-sur-Mer, Vendee, França Reuters/Stephane Mahe
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Investigadores do Instituto do Litoral e do Ambiente (ILE) realizam uma autópsia a uma ave marinha encontrada morta numa praia, em La Rochelle, França Reuters/Stephane Mahe
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Investigadores do Instituto do Litoral e do Ambiente (ILE) realizam uma autópsia a uma ave marinha encontrada morta numa praia, em La Rochelle, França Reuters/Stephane Mahe
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Centenas de aves marinhas foram encontradas mortas nas praias francesas do Atlântico, exaustas devido a tempestades de Inverno invulgarmente fortes que as impedem de se alimentar, disseram ambientalistas.

Mais de 500 destas aves marinhas (tordas-mergulheiras), aparentadas com os pinguins e os papagaios-do-mar, têm sido encontradas mortas ao longo da costa atlântica francesa desde o início do ano, estimou a Liga Francesa para as Aves (LPO).

Antoine Prevel, um voluntário da organização sem fins lucrativos Sea Shepherd France, reconheceu que este tipo de situações atinge estas aves regularmente no Inverno, mas não à escala das últimas semanas. Os cientistas dizem que é provável que as aves tenham morrido de exaustão devido às difíceis condições no mar.

"As alterações climáticas são uma causa indirecta, uma vez que aumentam a frequência e a intensidade das tempestades, em particular das tempestades de Inverno, que são a principal razão para os arrojamentos maciços de aves marinhas", afirmou Jerome Fort, cientista do instituto de investigação CNRS.

Arrojamentos invulgares também em Portugal

O envenenamento por microplásticos e a contaminação química podem também enfraquecer as aves, e os peixes de que se alimentam tornaram-se raros e deslocaram-se para mais perto da costa devido às alterações climáticas e à sobrepesca, acrescentou Fort.

Estas aves não conseguem sobreviver sem comida durante dois ou três dias, pois têm poucas reservas de energia e precisam de se alimentar quase constantemente. "Em tempestades como as que temos visto recentemente, estas aves têm dificuldade em se alimentar correctamente e morrem de exaustão", disse Fort.

Entre Dezembro de 2022 e Janeiro de 2023, dezenas de tordas-mergulheiras e papagaios-do-mar deram à costa em Portugal. Na altura, entre outras possíveis causas, os especialistas admitiram que os arrojamentos poderiam estar também associados às tempestades e aos ventos fortes dos últimos dias, que podem ter limitado a caça – o que justifica a fraqueza dos animais – e a deslocação de aves inexperientes, que poderão ter sido empurradas.

Normalmente, os papagaios-do-mar visitam Portugal de passagem nos meses de Inverno, quando migram. Arrojamentos destas aves são habituais, pelo que é comum encontrar exemplares mortos ou em estado débil após tempestades fortes. Contudo, o arrojamento de mais de uma centena de aves, como foi observado em 2023 é invulgar e, segundo os investigadores, será “um exemplo perfeito” da forma como as alterações climáticas podem afectar as aves marinhas.

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