Porto identificou 1500 locais que poderiam ter árvores, mas nem todos são apropriados

Câmara está a levar a cabo campanha de plantação de 1193 árvores em várias ruas da cidade. Associações colocaram placas a sinalizar caldeiras vazias.

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Autarquia diz que plantou 6060 árvores desde 2021. Nelson Garrido
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A Câmara Municipal do Porto (CMP) identificou cerca de 1500 locais que poderiam alojar árvores. Neste número, a autarquia inclui tanto caldeiras vazias, como separadores centrais ou pequenos espaços ajardinados. Mas nem todos serão preenchidos na campanha de plantação que está em curso e nem todos são apropriados à colocação de árvores.

Em 150 destes pontos (vários dos quais são caldeiras que já tiveram árvores e estão hoje vazias), não voltará a haver plantação. “Não é por não querermos plantar ali. Mas há casos em que a caldeira não tem condições para que a árvore sobreviva. Pode ter infra-estruturas subterrâneas que não permitam o crescimento radicular”, explica ao PÚBLICO o vice-presidente da autarquia, Filipe Araújo, que assume a pasta do ambiente na CMP.

Está em curso uma campanha de plantação de 1193 árvores em arruamentos e espaços verdes de proximidade “um pouco por toda a cidade”, seguindo o plano municipal de arborização que foi apresentado em 2023, refere o responsável.

Neste trabalho, que arrancou em Dezembro, não há manchas específicas da cidade que tenham passado a ser povoadas por estes elementos que ajudam a reduzir os efeitos de ondas de calor. É antes “um trabalho de relojoeiro”, que visa substituir árvores que não sobreviveram, seja por motivos fitossanitários ou por terem sido derrubadas por carros, exemplifica.

O vice de Rui Moreira falou com o PÚBLICO à margem de uma acção de plantação de 150 árvores, que decorreu na manhã desta quarta-feira no Parque da Cidade. O momento faz parte de uma campanha conjunta da autarquia, Lipor e Quercus para recolha de rolhas de cortiça e plantação de espécies arbóreas e serviu de pretexto para a CMP tornar públicos os seus esforços de colocação de árvores, pouco menos de um mês depois de duas associações terem levado a cabo uma acção de sensibilização para a necessidade de haver mais árvores em espaço urbano.

No início de Fevereiro, a associação Campo Aberto e o grupo Garra espalharam placas de madeira com a mensagem “quero ser uma árvore” em 40 caldeiras vazias do Porto, tendo identificado 70 destes pontos sem árvores. Admitiam que houvesse ainda mais. O membro do grupo Garra, Nuno Pardinhas, notava que o plano de arborização do Porto tem um “excelente diagnóstico”, mas “nenhum compromisso”.

Filipe Araújo rejeita que este anúncio seja uma resposta a essa acção do Campo Aberto e grupo Garra e diz-se “contente” por haver essa “disposição” das associações a dar o seu contributo. Sublinha que a plantação desta temporada já estava em curso quando surgiram as tabuletas nas caldeiras e que esta ocorre sempre entre Novembro e final de Abril, para aumentar a probabilidade de sobrevivência.

Na campanha em curso, diz, já foram plantadas cerca de 50% das 1193 árvores previstas. Acrescenta também o plano de arborização é um “documento estratégico para enquadrar e definir que ruas são passíveis de serem arborizadas” e que espécies são adequadas a que perfis de ruas. “Todos os anos seguimos o plano de acordo com as regras”, acrescenta.

Refere também que há oportunidades que vão sendo aproveitadas para arborizar, como a criação de novos arruamentos por privados ou as obras de requalificação do espaço público que a CMP vai executando.

No âmbito da parceria com a Lipor e com a Quercus, está prevista a plantação de 1351 árvores. Além das 150 postas no Parque da Cidade por alunos da Escola Básica dos Correios, também o Parque Oriental, o Parque de S. Roque, a Quinta da Bonjóia, o Parque do Covelo, e o Palácio de Cristal, entre outros pontos da cidade, vão receber azevinhos, carvalhos, amieiros, medronheiros, nogueiras-negras, teixos e salgueiros.

De acordo com a plataforma online onde o município publica os dados sobre arvoredo no Porto, há 66.741 árvores na cidade. Mais de metade tem vinte anos ou menos. Apenas 58 têm mais de 100 anos. A CMP diz que plantou 6060 entre 2021 e 2023.

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