Ex-professora doa herança e torna uma Faculdade de Medicina nos EUA livre de propinas

Ruth Gottesman decidiu doar parte da fortuna que recebeu do marido à Albert Einstein College of Medicine, onde deu aulas, no Bronx. As propinas passam a ser gratuitas a partir de Agosto.

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Ruth Gottesman espera que as propinas gratuitas ajudem alunos com dificuldades económicas a entrar na faculdade DR
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Ruth Gottesman, professora reformada que deu aulas na Albert Einstein College of Medicine, no Bronx, em Nova Iorque, decidiu doar mil milhões de dólares (cerca de 921 milhões de euros) para pagar as propinas aos estudantes, a partir de Agosto.

Anunciou a decisão na segunda-feira, 26 de Fevereiro, durante uma reunião obrigatória no auditório da universidade que contou com a presença dos alunos. “Fico feliz em partilhar convosco que, a partir de Agosto deste ano, as propinas da Albert Einstein College of Medicine serão gratuitas”, declarou Ruth, de 93 anos, que também é presidente do conselho de administração da instituição.

Os estudantes não sabiam o motivo da reunião e a universidade decidiu filmar as reacções. No vídeo, ouvem-se gritos e aplausos e são notórias as expressões incrédulas de muitos estudantes que, assim, ficam livres de empréstimos de centenas de milhares de euros para estudar.

Segundo o The New York Times, o dinheiro que Ruth doou à universidade faz parte da herança que recebeu do marido, David Gottesman, que morreu em 2022, aos 96 anos. David tornou-se multimilionário ao investir na multinacional Berkshire Hathaway, que detém uma série de outras empresas. No fim da vida, deixou instruções para que Ruth fizesse “o que achasse melhor” com o montante.

“Queria financiar os alunos da [Faculdade Albert] Einstein para que tivessem propinas gratuitas”, afirmou Ruth Gottesman, em entrevista ao mesmo jornal.

De acordo com o diário norte-americano, esta é provavelmente a maior doação feita a uma faculdade dos Estados Unidos. Em comunicado, Yaron Tomer, director da universidade, espera que a ajuda financeira de Ruth liberte os alunos “do fardo do endividamento" motivado pelos empréstimos bancários que são obrigados a pedir para se tornarem médicos e permita a entrada de novos estudantes que não têm condições económicas para pagar as propinas.

O The Washington Post acrescenta que a turma do 1.º ano de Medicina tem 138 alunos, sendo que a maioria são mulheres (59%) e pessoas negras.

O curso de Medicina na Albert Einstein tem a duração de quatro anos. Os estudantes pagam 60 mil dólares (55,5 mil euros) de propinas por ano. A este valor acrescem as despesas com alojamento, alimentação e compra de livros, que atingem facilmente os cem mil dólares (93 mil euros). No comunicado, o director da universidade anunciou ainda que os alunos do 4.º ano vão ser reembolsados já nesta Primavera.

“Lembrar-nos-emos do legado que esta dádiva histórica representa em cada Primavera, quando enviarmos outra turma diversa de médicos para o Bronx e para todo o mundo, para prestarem cuidados e transformarem as comunidades", completou.

A Faculdade Albert Einstein, fundada em 1955, fazia parte da Universidade Yeshiva, uma escola judaica privada em Nova Iorque. Em 1968, Ruth Gottesman começou a trabalhar como professora nesta instituição, desenvolveu novos métodos de diagnóstico e tratamentos para crianças com dificuldade de aprendizagem, bem como programas de alfabetização para adultos.

“Sinto-me abençoada por ter o grande privilégio de fazer esta doação para uma causa tão nobre”, afirmou.

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