Gay Travel Index: Portugal no topo dos países mais acolhedores

Portugal volta ao topo dos destinos mais hospitaleiros para a comunidade LGBTI+ na lista do influente guia Spartacus. Mas “ainda há um longo caminho a percorrer”.

Foto
Portugal é um dos países na primeira posição do Spartacus Gay Travel Index 2024 Nuno Ferreira Santos
Ouça este artigo
00:00
02:59

Portugal volta a liderar a lista dos países mais hospitaleiros para a comunidade LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e intersexo), ficando em primeiro lugar no Spartacus Gay Travel Index, revelado esta quinta-feira, ex aequo com Espanha, Canadá, Nova Zelândia e Malta. Depois de em 2019 ter subido pela primeira vez ao topo da lista, Portugal foi descendo alguns degraus nos anos seguintes, mantendo-se sempre entre os dez primeiros.

Para a Variações – Associação de Comércio e Turismo LGBTI+ de Portugal, a distinção “reflecte não apenas a beleza e a hospitalidade do país, mas também o seu compromisso inabalável com a inclusão e a diversidade”, com várias apostas neste segmento nos últimos anos, como a campanha Proudly Portugal, “desenhada para promover o país como um destino acolhedor e seguro para a comunidade LGBTI+”, mas também as candidaturas vitoriosas da cidade do Porto à organização da conferência da European Pride Organizers Association (EPOA), que decorre no início de Novembro, e de Lisboa como anfitriã do EuroPride 2025, de 14 a 25 de Junho do próximo ano.

Diogo Vieira da Silva, co-fundador e antigo presidente da Variações, sublinha, no entanto, que “ainda há um longo caminho a percorrer”. A “necessidade de criar equipas específicas no Turismo de Portugal e nas agências regionais de turismo para promover activamente o turismo LGBTI+ é urgente”, assim como suprir a “lacuna significativa na formação necessária para capacitar o mercado a acolher e atender adequadamente este segmento”, defende o responsável em comunicado.

“É crucial que continuemos a trabalhar para não só manter este status, mas também para assegurar que cada visitante LGBTI+ se sinta bem-vindo e valorizado em Portugal. Isto passa pela implementação de formações específicas e pela criação de equipas dedicadas que possam promover eficazmente o turismo LGBTI+ em todas as regiões do país."

É de assinalar que o índex do Spartacus chegou no mesmo dia em que foi divulgado pela Ilga Europa o 13.º Relatório Anual da Situação de Direitos Humanos de Pessoas LGBTI na Europa e Ásia Central, dando conta que o discurso anti-LGBTI está a “aumentar a um nível alarmante” na União Europeia.

Segundo o relatório, o discurso homofóbico e transfóbico foi registado em 21 de 27 países da UE, incluindo Portugal, referido no documento com casos concretos. Por não progredir nas políticas, Portugal tinha sido ultrapassado no ranking de direitos das pessoas LGBTI em 2023, saindo do top 10 apesar de manter a pontuação anterior no Mapa Arco-Íris da Ilga Europa.

A lista de 210 países do Spartacus, um guia de viagem para turistas gay sediado em Berlim, é criado a partir da avaliação de 18 categorias, incluindo políticas públicas que vão da legalização do casamento à existência de pena de morte para homossexuais, mas também marketing para este segmento, influência religiosa ou população local hostil.

O Brasil surge em 32.º, os Estados Unidos em 41.º, e Itália em 58.º. Já no fundo da lista surgem ex equo o Afeganistão, a Chechénia, o Irão e a Arábia Saudita.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários