Paulo de Carvalho retrata, com Carlos Mendes, a sua geração em Os rapazes do meu tempo

É o primeiro videoclipe nascido do mais recente álbum de Paulo de Carvalho, 2020, editado este mês. Chama-se Os rapazes do meu tempo e, nele, o cantor e compositor une a sua voz à do também cantor e compositor Carlos Mendes, amigo de longa data e parceiro na aventura dos Sheiks, nos anos 1960. Escrita e composta por Paulo de Carvalho, que divide os arranjos com Fernando Abrantes, a canção olha para esse tempo, que foi o da juventude de ambos, desta forma: Os rapazes do meu tempo/ Tinham olhos de alecrim/ Que perderam no momento/ Em que o tempo teve um fim// Os rapazes do meu tempo/ são de um tempo que não há/ E se uns deram tempo ao tempo/ Outros ficaram por lá.” Filmado em Lisboa, com chancela da Big Bit Video, o videoclipe de Os rapazes do meu tempo foi realizado por Rafael Pereira.

É, como disse Paulo de Carvalho recentemente ao Ípsilon, “um retrato de geração”: “Quando se fala dos que ficaram por lá, não são os que morreram, mas aqueles que ficaram agarrados à ideia de que os anos 60 é que foram bons, o rock do Elvis é que era. Os outros, são os que souberam andar para a frente.” Os rapazes do meu tempo é uma das 12 canções de 2020, um álbum de capa totalmente branca, apenas com o título em relevo. Um álbum musicalmente mais afro, funk, soul e eléctrico do que os antecessores, retomando as influências primordiais do cantor.

Neste álbum, a par de velhos amigos, como Ivan Lins ou Carlos Mendes, estão vozes como as da moçambicana Selma Uamusse, da angolana Yola Semedo, de Boss AC (nascido em Cabo Verde) e de outros que, nascidos em Lisboa, têm ascendência africana, como Orlanda Guilande, Tó Cruz e Midas; ou Luiz Caracol, com ligações musicais afro e mestiças; e ainda o fadista Duarte Coxo.