PS fala em “negociações escondidas” na AD, Montenegro promete estabilidade

De Norte a Sul, os candidatos têm criticado os adversários políticos, mas a esquerda começa cada vez mais a falar a uma só voz contra a direita, que lidera as sondagens.

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Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro têm centrado os seus discursos em críticas mútuas LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO
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A campanha só arranca oficialmente este domingo, mas os candidatos estão já na estrada, em ritmo acelerado, num apelo ao voto enquanto desferem golpes aos adversários. Pelo PS foi José Luís Carneiro, cabeça de lista por Braga, que cavalgou o tabu que Luís Montenegro mantém sobre os cenários de governabilidade e afirmou que há "negociações escondidas" entre a Aliança Democrática e outros partidos, desafiando a coligação a clarificar até este domingo se viabiliza, ou não, um governo socialista.

Pedro Nuno Santos acusou Luís Montenegro de não estar preparado para ser primeiro-ministro, apelando aos eleitores que travem "uma direita que quer trazer uma aventura fiscal ao nosso país" e que "terá consequências negativas nos serviços públicos".

Rejeitando o "retrato negro do país" feito por quem se quer apresentar a eleições, Pedro Nuno afirmou que "quem quer ser primeiro-ministro tem de ser honesto". "Parem de dizer mal, parem de denegrir", afirmou. O secretário-geral do PS referiu que Montenegro desconhecia que o valor da baixa de impostos que propõe teria consequências plurianuais nas contas públicas e não apenas num único, representando 16,5 mil milhões de euros em quatro anos.

Antes, José Luís Carneiro (que perdeu a liderança do partido para Pedro Nuno Santos) tinha elogiado o secretário-geral do PS por colocar "o interesse do país acima dos interesses partidários", ao comprometer-se a viabilizar um governo minoritário da AD caso o PS não vença as eleições ou não haja maioria de esquerda (Carneiro, aliás, havia defendido tal viabilização durante a disputa pela liderança do PS).

Montenegro diz que PS não dá estabilidade

O presidente do PSD, Luís Montenegro, defendeu que a solução estável está na Aliança Democrática (AD) e que "a AD tem todas as condições para conseguir "um suporte parlamentar que confira governabilidade ao país". Durante uma visita à Feira do Fumeiro dos Sabores e Artesanato do Nordeste da Beira, em Trancoso, Montenegro repetiu que "se houvesse estabilidade do lado do PS, não estávamos em eleições". "Nós estamos em eleições porque o PS não foi capaz de criar estabilidade sozinho", atirou.

Assinalando o segundo ​aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia, Montenegro notou que o PS tem parceiros anti-NATO, reiterando que Portugal deve continuar a ser "uma parte activa da solidariedade europeia ao povo ucraniano". "O PS, das duas, uma: ou acha que estas questões da democracia, da liberdade, das nossas alianças internacionais são valores inegociáveis, e então tem de dizer isso aos parceiros para eles mudarem de opinião; ou então tem uns valores que se aplicam numas determinadas circunstâncias e não se aplicam nas outras por pura conveniência".

BE aponta ao "polvo de financiadores do Chega"

Mariana Mortágua, coordenadora do BE, considerou que um dos aspectos da "cavalgada da direita" na disputa pelas eleições e da consequente "mutação política" são os "rios de dinheiro que correm de cofres milionários" para partidos como Chega e IL. A líder do BE recordou que André Ventura não explicou "porque é que estava a falar da TAP na Assembleia da República, sem nunca dizer que recebia dinheiro dos accionistas privados" da companhia aérea ou porque é que falou dos CTT "sem nunca dizer que recebia dinheiro dos accionistas privados" desta empresa.

"E acrescentem o imobiliário, acrescentem a finança, acrescentem antigos agentes do Grupo Espírito Santo e do negócio de Vale de Lobo – que vocês bem conhecem – e têm o polvo de financiadores do Chega e da extrema-direita", acusou.

E virou-se para as críticas à IL, um partido que teve na apresentação do seu programa eleitoral "a responsável e presidente dos maiores grupos de saúde privada para dizer que a saúde era o melhor negócio do século XXI".

A coordenadora traçou ainda como objectivo que o BE consiga recuperar o mandato por Faro, perdido nas últimas legislativas. A estratégia do partido passou por apostar no eurodeputado José Gusmão, que será cabeça de lista pelo distrito.

Por sua vez, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, criticou as sondagens que apontam para uma quebra da CDU nas próximas eleições legislativas. "Entretenham-se com as sondagens que nós nos entretemos com o contacto e a mobilização do eleitorado." "A CDU vai crescer. Vamos ter melhores condições a partir de 11 de Março, vamos ter mais força para travar a direita e vamos ter mais força para levar o PS às soluções que são necessárias", afirmou.

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