Nos 75 anos do navio-museu Santo André também cabem os 50 anos do 25 de Abril

Embarcação fez parte da frota portuguesa e funciona como uma extensão do Museu Marítimo de Ílhavo, juntamente com o Centro de Religiosidade Marítima. Este fim-de-semana está em festa.

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O antigo arrastão foi construído em 1948, na Holanda, por encomenda da Empresa de Pesca de Aveiro ADRIANO MIRANDA/PUBLICO
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A funcionar como unidade museológica desde 2001, e tendo já sido alvo de uma profunda reabilitação, o Navio-Museu Santo André assinala este fim-de-semana o 75.º aniversário da sua primeira viagem. O antigo arrastão, outrora pertencente à frota bacalhoeira portuguesa, viverá um sábado e um domingo preenchidos por conta de uma festa em que cabem também os 50 anos do 25 de Abril. Foi preparada uma exposição e uma conversa de mar alusiva à forma como a revolução foi vivida a bordo dos navios bacalhoeiros. Será mais um ponto alto na vida da embarcação que está atracada no Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré, Ílhavo.

Os números não deixam margem para dúvidas. Desde que abriu como navio-museu e até ao final de 2023, “o Santo André recebeu já 537.000 visitas”, revela João Campolargo, presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, assumindo que se trata de “um número significativo”. Tanto mais porque a embarcação esteve encerrada ao público durante quase dois anos, enquanto decorriam os trabalhos de requalificação – a obra envolveu um investimento de 1,2 milhões que a União Europeia financiou em 75%.

Foram criados novos espaços e recursos expositivos, que não tardaram a merecer a atenção dos visitantes. Só entre Maio e Dezembro de 2022, ou seja, após a reabertura, o Santo André recebeu 21.300 visitantes e, em 2023, acolheu 35.400 pessoas, “o que significa que a obra veio valorizar a existência deste triângulo expositivo, que é o Museu Marítimo, o Centro de Religiosidade Marítima e o Navio-Museu”, destaca o autarca.

O programa comemorativo do 75.º aniversário do antigo arrastão – foi construído em 1948, na Holanda, por encomenda da Empresa de Pesca de Aveiro inicia-se na tarde de sábado, às 16h, no Museu Marítimo, com a inauguração da nova exposição temporária Ideologias do Mar: confrontos e narrativas. Esta exposição, em colaboração com o projecto FILMar Digitalização do Património Cinematográfico, apresenta uma leitura de discursos, práticas, rituais, estéticas e figurações que exprimem várias vivências ligadas ao contexto marítimo durante o período do Estado Novo. Também no sábado, mas à noite, decorre o Ciclo de Cinema Ideologias do Mar, que complementa o discurso da exposição, e terá sessões quinzenais até ao dia 4 de Maio. Nesta primeira sessão, o museu ilhavense recebe os filmes A Almadraba Atuneira (1961), de António Campos, e Areia, Lodo e Mar (1977), de Amílcar Lyra. O Ciclo de Cinema Ideologias do Mar nasce de uma colaboração com a Cinemateca Portuguesa.

No domingo, às 15h00, Marcos Bola Filipe, antigo tripulante, levará os visitantes a conhecer a Casa das Máquinas. Às 16h30, associando os 75 anos do navio aos 50 anos do 25 de Abril, será inaugurada a exposição temporária Mar revolto: memórias de 1974, que será o ponto de partida para a Conversa de Mar “A greve dos bacalhoeiros em 1974”, que contará com a presença de Armando da Silva Teixeira, antigo moço e aprendiz de escalador, e Carlos Marques Fernandes, radiotelegrafista. “Quisemos associar estas comemorações àquilo que foi a permanência destes homens no mar, durante o 25 de Abril, de forma a conhecer aquelas que foram as suas reacções”, acrescenta João Campolargo.

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