Navio-Museu Santo André renova-se para continuar a contar histórias da pesca ao bacalhau

O antigo bacalhoeiro esteve vários meses em estaleiro para ser requalificado. Irá, agora, receber um novo discurso expositivo, com vista a abrir antes do início de Verão.

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Foi uma curta navegação, dos estaleiros da Navalria até ao Jardim Oudinot, ainda assim só possível com a ajuda de dois rebocadores. O Navio-Museu Santo André regressou esta terça-feira ao seu cais habitual, na Gafanha da Nazaré, depois de ter sido alvo de uma intervenção de reabilitação e beneficiação. Um primeiro passo para aquilo que promete ser uma nova fase na vida do antigo bacalhoeiro. Depois destes trabalhos em estaleiro, o Santo André irá, agora, receber um novo discurso expositivo, bem como uma nova área de recepção. Se tudo correr conforme previsto, reabrirá ao público antes do início do Verão.

Ao longo dos últimos quase oito meses, a antigo arrastão sofreu “uma remodelação como nunca teve na vida”, destacou Fernando Caçoilo, presidente Câmara Municipal de Ílhavo. Nesta intervenção, orçada em quase 800 mil euros, foram executados trabalhos em todos os espaços do navio, com particular destaque para os porões, as áreas de alojamento, o parque do guincho de pesca, a casa das máquinas, a balaustrada exterior, o convés, os mastros e a ponte, para além da pintura total, docagem e alagem, e a renovação de toda a componente eléctrica e sistemas do navio, entre outros.

Além de assegurarem a devida manutenção da embarcação, estes trabalhos permitiram “criar novos circuitos” de visitação. Uma das novidades, desvendou Fernando Caçoilo, passará pelo acesso à casa das máquinas do navio.

A partir daqui, e já com o navio atracado no Jardim Oudinot, serão iniciadas as intervenções que irão dotar o Santo André de uma nova proposta e narrativa museológica, de novos equipamentos e novas dinâmicas que ofereçam novas experiências aos seus visitantes. Ainda sem levantar muito a ponta do véu, o líder da autarquia já deixou antever que o novo discurso expositivo terá “uma componente muito apelativa” e “interactiva”.

Mais autonomia e diferenciação

Sem se desviar do seu rumo, este pólo do Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) quer contar a “história da pesca do bacalhau de uma época diferente daquela que o museu representa, a dos veleiros e dos dóris”. “Vai apresentar a narrativa da pesca do arrasto, no fundo, das décadas de 60 e 70 [do século passado]”, acrescentou o autarca, anunciando que, ainda que se mantenha como pólo do MMI, o navio-museu “vai ter vida autónoma” por força da narrativa diferenciadora que irá apresentar.

Esta segunda intervenção tem um custo estimado de 180 mil euros e deverá coincidir com a construção da nova área de recepção – para esta última, irá ainda ser lançado, esta quinta-feira, concurso público -, estimada em 275 mil euros. Contas feitas, esta nova fase de vida do Santo André resultará de um investimento total superior a 1,2 milhões de euros.

Fernando Caçoilo espera que, dentro das condicionantes que ainda se vivem no âmbito da pandemia, esta requalificação do Navio-Museu Santo André possa estar concluída até ao final do primeiro semestre. “Diria que antes do Verão teremos o nosso navio operacional, com novas exposições, novos conteúdos e, como sempre, sendo uma marca do município”, perspectiva o autarca, sem deixar de lembrar que vivemos tempos de incerteza. “As empresas têm mais dificuldades no acesso aos seus produtos, vêem-se a braços com situações de confinamentos inesperados e todas essas coisas tornam todos os processos mais lentos”, justifica, a propósito dos condicionalismos motivados pela pandemia. O próprio MMI está a ser vítima destas novas circunstâncias que hoje se levantam: as obras de manutenção que motivaram o seu encerramento temporário, a 7 de Setembro, sofreram alguns atrasos. A unidade museológica deverá abrir até ao final do primeiro trimestre.

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