Cientistas vigiam mais de um milhão de pinguins na maior colónia do mundo

Um grupo de cientistas navegou durante sete dias para contar a maior colónia de pinguins do mundo em Zavadovski. O responsável pelo projecto diz que o local é de “importância mundial para os pinguins”

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A ilha remota de Zavolovski alberga a maior colónia de pinguins do mundo John Dickens / British Antarctic Survey
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Uma equipa de investigadores do British Antarctic Survey (BAS) efectuou recolhas de dados por via aérea na remota ilha vulcânica de Zavodovski, localizada na zona subantárctida, para fazer a contagem da maior colónia de pinguins do mundo.

A ilha Zavodovski conta com mais de um milhão de pinguins-de-barbicha reprodutores, bem como uma “biodiversidade terrestre única: musgos, líquenes e invertebrados que sobrevivem ao frio à volta das fontes vulcânicas”, refere o British Antarctic Survey num comunicado.

A ilha é um vulcão activo, com uma linha costeira exposta a mares agitados. Zavodovski entrou em erupção, pela última vez, em 2016, o que fez com que metade da ilha ficasse coberta por uma camada de cinzas. “Devido aos desafios logísticos que apresenta para o trabalho de campo, foram efectuados poucos estudos sobre a vida selvagem na ilha Zavodovski e nos seus arredores”, esclarece a BAS no comunicado.

Como parte de um projecto recente e mais alargado, uma equipa de seis cientistas fez uma viagem de 1300 milhas desde as ilhas Falkland, situadas também no Atlântico Sul, e navegaram durante sete dias naquele que é um dos “oceanos mais agitados do mundo”.

Ao chegarem à ilha no início de Dezembro do ano passado, os investigadores montaram um acampamento durante três semanas, com o propósito de recolher os primeiros dados científicos para a conservação das espécies da ilha ameaçadas pelas alterações ambientais.

Drones, satélites e fotografias

A equipa teve como missão analisar as “enormes colónias de pinguins-de-barbicha e de pinguins-macaco e a biodiversidade terrestre”. Para isso, realizaram contagens terrestres e fizeram parte da recolha de dados por meio aéreo, com a ajuda de drones que voam a 50 metros de altitude. O comunicado explica que as imagens “mais pormenorizadas” foram utilizadas para verificar a exactidão dos dados obtidos a partir de fotografias de levantamentos a maior altitude.

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A equipa de cientistas analisou as colónias de pinguins-de-barbicha e de pinguins-macaco John Dickens / British Antarctic Survey

Caso estas fotografias aéreas se revelem uma “forma precisa de monitorizar as populações de pinguins e a biodiversidade terrestre”, isso vai significar, diz o comunicado, que “poderão ser utilizadas para monitorizar as colónias no futuro”, com vista a reduzir a necessidade de expedições “arriscadas e dispendiosas” à ilha da subantárctida.

Como parte do processo, os investigadores marcaram também os pinguins com transmissores por satélite e estão a seguir os seus movimentos para descobrir em que medida a Área Marinha Protegida existente abrange as principais áreas de alimentação dos pinguins. Além disso, recolheram fezes de pinguim ou guano (adubo formado por matérias excrementícias de aves), que vão analisar com recurso a impressões digitais de ADN para recolher pistas sobre o que é que os animais estão a comer.

Norman Ratcliffe, ecologista do British Antarctic Survey e responsável pelo projecto, afirma que “a ilha Zavodovski tem uma biodiversidade única e é um local de importância mundial para os pinguins”, mas que os dados científicos de que dispõem “são incrivelmente limitados porque é um local muito difícil de visitar”.

Além disso, reforça que “este projecto é um verdadeiro esforço de colaboração para criar esses dados de base para a ilha e métodos fiáveis para a monitorizar no futuro, de modo que possam ser tomadas decisões informadas sobre a forma de gerir e proteger as espécies existentes", cita o comunicado do British Antarctic Survey, responsável pelos assuntos que dizem respeito aos interesses do Reino Unido na Antárctida.

Os inquéritos aéreos e terrestres integram um projecto de maior dimensão, que vai servir de base aos planos de gestão do Governo da Geórgia do Sul e das ilhas Sandwich do Sul para as ilhas Sandwich do Sul e o oceano circundante.

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