Interrogatório do empresário Avelino Farinha já foi retomado

Advogado do empresário garante que recorrerá de uma eventual medida de prisão preventiva, por considerá-la “completamente desproporcionada, injustificada e ilegal”.

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O último dos três arguidos a ser interrogado será o ex-presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado Homem de Gouveia (arquivo)
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O interrogatório do empresário madeirense Avelino Farinha foi retomado esta segunda-feira de manhã no Tribunal Central de Instrução Criminal, tendo o advogado assegurado que o líder do grupo AFA está "desejoso de esclarecer tudo" sobre as suspeitas de corrupção.

A diligência conduzida pelo juiz de instrução criminal Jorge Bernardes de Melo foi retomada pelas 10h15, após ter sido interrompida no sábado pelas 17h30. Avelino Farinha começou a ser interrogado na tarde de sexta-feira, depois da inquirição ao outro empresário arguido, Custódio Correia, accionista do grupo Socicorreia.

"[Avelino Farinha] está muito bem, muito firme, muito disponível e desejoso de esclarecer tudo", afirmou o advogado Raul Soares da Veiga à entrada para o tribunal, manifestando a expectativa de que o interrogatório ao empresário possa estar "a meio", com o Ministério Público (MP) a assumir nesta fase as perguntas.

Em declarações aos jornalistas, Soares da Veiga sustentou que não ver justificação para o MP pedir a prisão preventiva como medida de coacção. "Espero que à medida que ele vá explicando as coisas, o MP comece a ver que, de facto, os indícios não são assim tão fortes, que aquilo que parecia, afinal de contas não é, que certos perigos não existem e que chegue ao fim e não peça nenhuma medida de coacção detentiva", frisou, para acrescentar que "há coisas em que o que resulta dos autos é o contrário do que é alegado".

Se, ainda assim, avançar o cenário de uma medida de coacção como a prisão preventiva ou a prisão domiciliária, o advogado de Avelino Faria assegurou que irá recorrer, por entender que, neste caso, a privação de liberdade do empresário seria "uma coisa completamente desproporcionada, injustificada e ilegal".

O último dos três arguidos a ser interrogado será o ex-presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado (PSD).

Só no final de todos os interrogatórios serão conhecidas as medidas de coacção.

Em 24 de Janeiro, a Polícia Judiciária (PJ) realizou cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção activa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, foi constituído arguido e anunciou a renúncia ao cargo dois dias depois.

Na sequência das buscas, a PJ deteve o então presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), que também renunciou ao cargo, o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal accionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.

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