Pinto da Costa apresenta FC Porto renovado, após 42 anos de presidência

Conquistou oito títulos em quatro anos, mas situação financeira vale críticas dos opositores. No Coliseu do Porto, Pinto da Costa revelará plano para o futuro do FC Porto – e do próprio.

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Pinto da Costa, presidente do FC Porto LUSA/JOSE COELHO
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Ainda é cedo para perceber os efeitos que a recente Operação Pretoriano poderá ter na popularidade de Pinto da Costa junto dos sócios portistas, mas, apesar da investigação que abrange funcionários do FC Porto e implica o administrador Adelino Caldeira, o histórico dirigente manteve os planos intactos para este domingo. No Coliseu do Porto, a partir das 17h, o presidente portista apresentará um "plano de renovação" para o clube, encabeçando o movimento "Todos pelo Porto". A três meses das eleições para a presidência do clube, este evento deverá marcar ainda a oficialização da corrida à presidência do dirigente mais titulado da história do futebol, líder dos "dragões" há praticamente 42 anos.

“Os êxitos pessoais não me dizem nada. A minha preocupação é que o FC Porto ganhe. Como presidente e sócio, o que me interessa é o futuro”, reiterou em entrevista à RTP para o programa Primeira Pessoa. Nos últimos meses, o discurso do dirigente tem sido assim mesmo, de olhos colocados nos projectos e objectivos que ainda quer cumprir. Depois de quatro décadas sem praticamente qualquer oposição, a corrida eleitoral de Abril preparara-se para ser o maior desafio nas urnas para Jorge Nuno Pinto da Costa.

Numa luta a três que também inclui o empresário Nuno Lobo, o ex-treinador André Villas-Boas apresenta-se como o principal adversário, munindo-se de uma campanha profissionalizada, nomes de peso e várias iniciativas de aproximação aos sócios. O actual dirigente responde a Villas-Boas este domingo, também com um evento de grande envergadura, que convida sócios e adeptos do clube a conhecer a estratégia de Pinto da Costa para o futuro.

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Pinto da Costa durante jantar de apoiantes Paulo Pimenta/Arquivo

Se nos focarmos apenas na vertente desportiva, o último mandato de Pinto da Costa foi recheado de sucesso: em quatro anos de mandato, a equipa sénior de futebol conquistou dois títulos de campeão, três Taças de Portugal, duas Supertaças e uma Taça da Liga, uma média de dois títulos por ano. Neste ponto, todos os associados fazem uma vénia a Pinto da Costa. Contudo, as contas dos "dragões" não acompanham o sucesso no relvado, levantando críticas ao presidente "azul e branco".

A situação financeira delicada do clube será, com grande probabilidade, um dos temas em foco no Coliseu do Porto. O Grupo FC Porto registou um prejuízo de aproximadamente 48 milhões de euros no relatório e contas relativo à época 2022-23, situação de falência técnica. Os capitais próprios são outra das alíneas que causa preocupação aos associados, com o FC Porto a apresentar um resultado negativo de 176 milhões de euros. Apesar disto, Fernando Gomes, administrador responsável pela área financeira, garantiu sempre que o cumprimento do fair-play financeiro não está em risco.

Numa entrevista dada à SIC em Novembro, Pinto da Costa deixou uma eventual recandidatura dependente de três pontos: a qualificação dos portistas para os "oitavos" da Liga dos Campeões; a recuperação dos capitais próprios (175 milhões de euros negativos) para terrenos positivos ou muito perto disso no segundo semestre do exercício 2023-24; e, por último, o início da construção da academia do FC Porto na Maia.

A promessa na vertente desportiva foi cumprida com sucesso já em Dezembro, aguardando-se agora o desfecho da eliminatória contra os ingleses do Arsenal. Apesar de as contas não terem ainda sido comunicadas à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Pinto da Costa garantiu já em Janeiro, durante um jantar com apoiantes, que o "milagre" financeiro seria publicamente confirmado em breve. Quanto à construção na Maia, o líder portista deixou a indicação que o início das obras é já inevitável. Ou seja, na prática, Pinto da Costa assegurará as três promessas e pode recandidatar-se sem quebrar a palavra dada aos sócios.

O universo "azul e branco" é agora convidado a escolher um lado, com Pinto da Costa a procurar posicionar-se também no lado da renovação e mudança, slogans adoptado pela candidatura de André Villas-Boas. Neste sentido, é expectável a apresentação de novas caras para uma administração futura, mais jovem e com novas valências.

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