Suspensa greve dos músicos e coralistas da Ópera Nacional Inglesa

Sindicato britânico para as artes performativas e a indústria do entretenimento espera que haja nas próximas semanas um entendimento definitivo com a instituição, para já ainda sediada em Londres.

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Ensaio para As Sete Mortes de Maria Callas, que levou a cena Sarah Tynan (como Lucia, na foto) e Marina Abramovic (no papel da soprano e diva do bel canto))
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A greve à qual os músicos e coralistas da Ópera Nacional Inglesa (ENO, na sigla em inglês) dariam início a 1 de Fevereiro foi suspensa nesta segunda-feira. Num comunicado, o Equity, o sindicato britânico para as artes performativas e a indústria do entretenimento, informa ter chegado a um acordo provisório com a instituição para o coro. Isto ainda não é o encerramento das negociações, frisa-se na nota de imprensa (citada pelo The Guardian), mas a associação espera que, com “conversas construtivas”, se chegue a um entendimento final nas próximas semanas.

A suspensão da greve, que estava marcada para o dia em que a ENO inicia uma nova série de récitas da sua adaptação do romance The Handmaid’s Tale, de Margaret Atwood, “dá tempo” ao equipamento cultural para “terminar as suas negociações com o Sindicato dos Músicos”, que também suspendeu aquela que teria sido a sua primeira greve em 44 anos.​

A ameaça de paralisação esteve relacionada com os cortes de pessoal que têm estado em cima da mesa. A meio de Outubro, o Sindicato dos Músicos revelou que a ENO tencionava acabar com 19 postos de trabalho dentro da orquestra e despedir os restantes músicos para depois lhes oferecer contratos de apenas seis meses — ou então, em alguns casos, propor não mais do que colaborações freelance. Martyn Brabbins, director musical da ENO, despediu-se depois de essa intenção ter sido comunicada internamente.

No final de 2022, com instruções para fazer uma divisão mais equilibrada por regiões dos seus apoios, o Arts Council England, organismo público de financiamento das artes, anunciou cortes relevantes para diferentes instituições culturais londrinas no quadriénio 2023-2026. Ao todo, a supressão orçamental ascendia aos 50 milhões de euros, afectando teatros, salas de ópera, museus e galerias.

A ENO, residente (para já) no Coliseu de Londres, do qual é dona, recebia mais de 14 milhões de euros anuais; numa decisão polémica, foi riscada da lista de beneficiários e informada de que, se quisesse ser elegível a apoios futuros, teria de sair da capital. Mais tarde, o Arts Council England anunciou que concederia à ENO uma bolsa de 28 milhões de euros entre Abril de 2024 e Março de 2026 para ajudar a ópera a ter mais tempo para procurar uma nova casa.

Essa ficará algures na área de Grande Manchester, conforme foi anunciado no último mês. A ENO deverá mudar-se para lá no primeiro trimestre de 2029, sendo que deverá começar a programar ou desenvolver trabalho e parcerias na região antes disso. Continuar, mesmo depois da mudança, com uma presença forte na agenda do Coliseu de Londres também está nas ambições.

A Ópera Nacional Inglesa necessita de pagar ao Estado britânico o empréstimo que lhe foi concedido na altura da pandemia de covid-19 e diz aos sindicatos que o dinheiro proveniente do Arts Council England não é suficiente para cobrir a totalidade dos seus custos, iniciar a sua mudança e manter os seus intérpretes com contratos de trabalho a tempo inteiro.

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