Taxas Euribor descem de forma expressiva depois da reunião do BCE

Prazo a 12 meses volta a encostar nos 3,5%, cada vez mais longe do máximo de 4,228% atingido no ano passado.

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Descida das Euribor vai trazer descidas nas prestações nos próximos meses Manuel Roberto
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As taxas Euribor registaram esta sexta-feira uma queda expressiva (quando comparada com as pequenas variações dos últimos dias), naquela que é a primeira sessão depois da reunião do Banco Central Europeu (BCE).

O BCE manteve as taxas directoras e Christine Lagarde, presidente da instituição, até procurou travar algum entusiasmo sobre a possibilidade de um corte já em Março, mas o cenário macroeconómico apresentado esta quinta-feira dá força a quem espera uma viragem na política monetária do banco central já em Março.

A descida da Euribor verificou-se nos três prazos utilizados nos empréstimos às famílias e às empresas, mas o recuo mais expressivo verificou-se no prazo a 12 meses.

A Euribor a 12 meses, a que está mais presente nos créditos à habitação em Portugal (37,4%), desceu para 3,597%, menos 0,065 pontos percentuais do que na quinta-feira e cada vez mais longe do máximo de 2023, de 4,228%, registado a 29 de Setembro.

Igualmente a registar um recuo significativo, em termos de variação diária, esteve o prazo de seis meses, que baixou para 3,873%, menos 0,038 pontos percentuais do que na sessão anterior e também cada vez mais longe do máximo de 2023, de 4,143%, registado em Outubro. Esta taxa está presente em 36,1% dos empréstimos existentes em Portugal.

A Euribor a três meses também caiu 0,038 pontos percentuais face à sessão anterior, fixando-se em 3,887%, depois de também ter atingido 4%, mais precisamente 4,002%, no final do ano passado.

Contudo, as descidas expressivas das prestações ainda vão demorar a sentir-se na carteira dos portugueses, ocorrendo à medida que os contratos vão sendo revistos. Os contratos associados à Euribor a 12 meses, a rever no próximo mês, ainda não deverão trazer uma diminuição do valor a pagar, porque a última revisão, em Fevereiro de 2023, teve uma taxa mais baixa, de 3,33%. O que as recentes descidas permitem é anular as fortes subidas verificadas até Setembro do ano passado.

Nos contratos a rever em Fevereiro associados a três e seis meses, as prestações deverão cair, mas ligeiramente, comparativamente às fortes subidas das revisões anteriores.

A subida das taxas Euribor, que estão presentes em perto de 90% dos empréstimos à habitação, iniciou-se em 2022, e foi muito rápida, passando de cerca de -0,5% para valores acima de 4%.

Para essa aceleração contribuiu a forte subida das taxas directoras do BCE, o instrumento utilizado para travar o aumento da inflação na zona euro e trazê-la para a meta desejada, dos 2%. A taxa de depósitos do BCE, que serve de referência para os custos de financiamento no Eurosistema, chegou aos 4%, patamar em que se mantém após a reunião desta quinta-feira, mas poderá começar a descer brevemente.

Com a queda da inflação, o movimento de descida das taxas Euribor começou bem mais mais cedo do que se esperava, antecipando a viragem da política monetária do BCE em Março ou Abril, ou um pouco mais à frente. A pressionar o BCE está também o abrandamento das economias da zona euro, com destaque para o "motor" europeu, a Alemanha, que registou uma contracção no último trimestre de 2023.

As Euribor são fixadas diariamente pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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