Sem turistas, a Cidade Velha de Jerusalém é “um deserto”, diz comerciante palestiniano

Com a guerra, Israel desapareceu do mapa turístico e o aeroporto de Telavive teve quebras de 80%. “Jerusalém deveria ser uma cidade de alegria. Agora quando andas por aqui, até as paredes choram”.

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Sem visitas e com elevadas restrições, os comercantes da Cidade Velha de Jerusalém ou fecham portas ou abrem, sem clientes à vista LATIFEH ABDELLATIF/Reuters
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Durante os mais de 100 dias que dura a guerra de Gaza, a loja cheia de jóias e antiguidades de Rami Nabulsi, na Cidade Velha de Jerusalém, tem estado praticamente vazia de clientes. Mesmo assim, ele caminha pelas ruelas para abri-la todos os dias.

A Cidade Velha, rodeada pelas milenares muralhas e onde se situam locais sagrados para o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, estaria normalmente plena de actividade, repleta de fiéis e turistas de todo o mundo.

Desde o início dos combates, a zona é "como um deserto", diz Nabulsi, palestiniano residente na Cidade Velha e dedicado à arte da ourivesaria.

“Jerusalém deveria ser uma cidade de alegria", diz, "agora quando andas por aqui, até as paredes choram”.

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Rami Nabulsi na sua loja Reuters

Mais de 25.700 palestinianos foram mortos em Gaza desde que as forças israelitas lançaram uma guerra total no enclave, de acordo com dados do Ministério da Saúde local.

A ofensiva foi desencadeada pelos ataques de 7 de Outubro do grupo islamista Hamas, no poder em Gaza, em que cerca de 1200 pessoas foram mortas e 253 feitas reféns, segundo os dados israelitas.

Desde então, as autoridades israelitas aumentaram os controlos de segurança em torno da Cidade Velha, receando que os distúrbios se alastrem, especialmente nas zonas dos locais sagrados, como a mesquita de Al-Aqsa.

O tráfego no Aeroporto Internacional Ben Gurion, perto de Telavive, diminuiu 78% em relação ao ano anterior em Novembro e 71% em Dezembro, segundo dados da autoridade aeroportuária israelita.

Na cidade bíblica de Belém, na Cisjordânia ocupada por Israel, os hotéis e outras empresas de turismo afirmaram ter tido um dos piores Natais de que há registo.

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Rami Nabulsi à porta da sua loja Reuters

Na Cidade Velha de Jerusalém, judeus, muçulmanos e cristãos costumavam cruzar os portões todos os dias para irem e voltarem das orações, ou para fazerem compras.

Agora, linhas inteiras de lojas fecharam as portas. Preferem poupar nas despesas, diz Nabulsi.

A sua loja ainda está aberta, mas não vende quase nada.

Fica cá fora, a ler o jornal, a alimentar os gatos do bairro e a limpar o pó das prateleiras de madeira, à espera dos clientes.

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