Ensaio mostra eficácia de terapia nuclear para parar progressão de cancro pancreático

Estudo apresentado em conferência nos Estados Unidos avança primeiros resultados positivos deste tratamento com medicina nuclear. A terapia travou crescimento do tumor durante quase dois anos.

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Este tipo de cancros no pâncreas incidência aumentou a sua incidência mais de 500% nas últimas três décadas ERNESTO DEL AGUILA III/NHGRI
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Um ensaio clínico mostrou que uma terapia com radiação pode ser eficaz para impedir o crescimento de tumores neuroendócrinos no pâncreas e no trato gastrointestinal.

O estudo, apresentado no Congresso do Cancro Gastrointestinal da Sociedade Americana de Oncologia Médica, em São Francisco (Estados Unidos), centra-se na terapia com radioligandos direccionados (RLT), que utiliza radiação para tratar células tumorais com toxicidade mínima para células saudáveis – uma técnica da medicina nuclear.

A equipa dos investigadores, liderados pelo Hospital Universitário Vall d'​Hebron e com o apoio da farmacêutica Novartis, testou os radiofármacos em pacientes com tumores neuroendócrinos gastroenteropancreáticos avançados, segundo noticiou a agência Efe. Estes tumores têm origem nas células neuroendócrinas de todo o corpo, responsáveis pela libertação de hormonas no sangue em resposta a estímulos do sistema nervoso.

Os tumores neuroendócrinos gastroenteropancreáticos (no pâncreas ou outras partes gastrointestinais) podem ser malignos, mas de crescimento lento, apesar de alguns terem uma progressão rápida e mau prognóstico – além de serem​ diagnosticados em fases avançadas.

Os resultados deste novo estudo demonstram que, com esta terapia como tratamento de primeira linha, a sobrevivência sem progressão da doença melhora em pacientes recém-diagnosticados, o que se traduz num aumento do tempo decorrido durante e após o tratamento em que o cancro não cresce nem se espalha ainda mais.

Neste estudo, participaram 226 pacientes recentemente diagnosticados com este tipo de tumores avançados de grau 2 e 3. Os participantes que receberam o radiofármaco chegaram a 22,8 meses sem progressão, em comparação com 8,5 meses para os outros pacientes sem a nova terapia.

Este estudo avaliou pela primeira vez a eficácia desta terapia e foi apresentado na última sexta-feira no Congresso de Cancro Gastrointestinal da Sociedade Americana de Oncologia Médica.

Embora sejam tumores raros, a sua incidência aumentou mais de 500% nas últimas três décadas e há necessidade de opções de tratamento adicionais para pacientes recém-diagnosticados com doença avançada ou inoperável.

“Actualmente, não existe uma terapia de primeira linha universalmente aceite para tumores neuroendócrinos gastroenteropancreáticos bem diferenciados e de alto grau”, frisou Jaume Capdevila, oncologista do Hospital Universitário Vall d'​Hebron e investigador sénior do Grupo de Tumores Gastrointestinais e Endócrinos VHIO, que participou do estudo. Jaume ​Capdevila destacou que os resultados “representam uma potencial mudança na prática clínica” no tratamento destes pacientes.

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