Incêndio em campo de refugiados do Bangladesh deixa quase sete mil rohingya desalojados

Bombeiros e habitantes tentaram controlar o incêndio cerca de três horas depois de as chamas atingirem o acampamento cinco em Cox’s Bazar. Não há, para já, registo de vítimas.

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Campo de refugiados de Cox's Bazar, no Bangladesh Reuters/CLODAGH KILCOYNE

Um incêndio atingiu um campo de refugiados rohingya no Sudeste do Bangladesh na madrugada deste domingo, destruindo cerca de 800 abrigos e deixando milhares de pessoas desalojadas. Não há, para já, registo de vítimas.

Bombeiros e habitantes tentaram controlar o incêndio cerca de três horas depois de as chamas atingirem o acampamento cinco em Cox's Bazar, um distrito que faz fronteira com a Birmânia (Myanmar), pouco antes da 1h (19h em Portugal).

Além de abrigos, várias outras instalações, como centros de aprendizagem, também foram destruídas, disse o comissário de ajuda e repatriamento de refugiados em Cox's Bazar, Mohammed Mizanur Rahman.

O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) afirma que quase sete mil pessoas ficaram desalojadas pelo incêndio e que cerca de 120 instalações, incluindo mesquitas e centros de saúde, sofreram danos estruturais. “A causa do incêndio ainda é desconhecida e as autoridades governamentais garantiram-nos que será realizada uma investigação."

"Já tratámos de tudo. As pessoas estão a receber comida e estão instalados em abrigos temporários", disse Mohammad Shamsud Douza, do departamento do Governo do Bangladesh responsável pelos refugiados.

Em acampamentos lotados, cheios de estruturas improvisadas, os incêndios são frequentes. Em Março de 2021, um incêndio matou pelo menos 15 refugiados e destruiu mais de 10 mil casas.

O controlo dos fogos no campo enfrenta duras dificuldades, uma vez que os veículos de combate dos bombeiros têm um acesso limitado às tendas e não há um sistema de água capaz no campo. A estas dificuldades acrescem os cuidados médicos reduzidos.

Mais de um milhão de refugiados rohingya, uma minoria muçulmana, estão espalhados por vários campos no Sul do Bangladesh. A grande maioria fugiu da Birmânia na sequência de uma operação militar em 2017 que as Nações Unidas classificaram como “genocídio”.

Dadas as condições dos campos de refugiados, milhares de rohingya arriscam a vida todos os anos em viagens marítimas perigosas e dispendiosas, em barcos muitas vezes em mau estado, na tentativa de chegar à Indonésia ou à Malásia.

Ainda em Dezembro, mais de uma centena de refugiados desembarcaram numa ilha no extremo ocidental da Indonésia. Desde meados de Novembro, mais de mil membros desta minoria muçulmana perseguida na Birmânia, país predominantemente budista, fugiram dos campos onde estavam no Bangladesh, por mar, em direcção à província indonésia de Aceh.

Trata-se do maior movimento migratório de rohingyas para a Indonésia desde 2015, segundo a agência da ONU para os refugiados, ACNUR.

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