Mais de cem refugiados rohingyas desembarcam na Indonésia. ONU pede resgate urgente

Desde meados de Novembro, mais de mil membros desta minoria muçulmana perseguida na Birmânia fugiram dos campos onde estavam no Bangladesh, por mar, em direcção à província indonésia de Aceh.

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Desde Novembro, mais de mil membros desta minoria fugiram do Bangladesh EPA/HOTLI SIMANJUNTAK
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Mais de uma centena de refugiados rohingyas desembarcaram este sábado, 2 de Dezembro, numa ilha no extremo ocidental da Indonésia, de acordo com as autoridades.

Desde meados de Novembro, mais de mil membros desta minoria muçulmana perseguida na Birmânia, país predominantemente budista, fugiram dos campos onde estavam no Bangladesh, por mar, em direcção à província indonésia de Aceh. Trata-se do maior movimento migratório de rohingyas para a Indonésia desde 2015, segundo a agência da ONU para os refugiados, ACNUR.

“Quando cheguei, os refugiados rohingyas já estavam na praia”, disse à agência France-Presse (AFP) Dofa Fadhli, chefe da aldeia de Ie Meulee, na ilha de Sabang, região de Aceh.

“Os rohingyas, 139 no total, incluindo crianças e mulheres”, desembarcaram durante a noite, às 2h30 locais (19h30 de sexta-feira em Portugal), acrescentou.

ONU pede resgate urgente

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) lançou um apelo urgente, apelando aos países vizinhos “para mobilizarem rapidamente todas as capacidades de busca e salvamento em resposta aos navios em perigo relatados com centenas de rohingyas a bordo em risco de morrer”.

A agência da ONU disse que os dois barcos superlotados, que sofreram falha de motor, estavam “agora à deriva no mar de Andaman”.

Os dois barcos transportam cerca de 400 passageiros, disse o ACNUR, preocupado com uma possível escassez de alimentos e água, acrescentando que “existe um risco significativo de morte nos próximos dias se as pessoas não forem resgatadas e desembarcadas num local seguro”. A localização precisa dos navios é desconhecida. Também não se sabe quando e para onde eles partiram.

Milhares de rohingyas arriscam a vida todos os anos em viagens marítimas perigosas e dispendiosas, em barcos muitas vezes em mau estado, na tentativa de chegar à Indonésia ou à Malásia. “Nós, os residentes de Ie Meulee, opomo-nos veementemente à chegada dos refugiados rohingyas”, afirmou Fadhli. “Se não forem tomadas medidas até esta tarde, levaremos os refugiados de volta para o barco.”

Faisal Rahman, que trabalha com o ACNUR, confirmou a chegada de mais de uma centena de novos refugiados, dizendo que a agência internacional iria “gerir a situação com as autoridades locais”. De acordo com imagens captadas pela AFP, os refugiados estão agrupados na praia, vigiados por agentes da polícia.

Mais de 3500 rohingyas terão tentado fazer a arriscada viagem para outros países do Sudeste Asiático em 2022, segundo o ACNUR. Cerca de 350 morreram no mar durante a travessia ou estão desaparecidos, de acordo com a mesma fonte.

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