Empresa Museus e Monumentos de Portugal vai fazer diagnóstico a todos os edifícios

Sem esse ponto da situação, não é possível definir prioridades, diz o presidente da MMP, Pedro Sobrado, que quer também abrir concursos, ainda este ano, para a direcção de museus e monumentos.

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Pedro Sobrado, presidente da Museus e Monumentos de Portugal NUNO FERREIRA SANTOS

O presidente da Museus e Monumentos de Portugal (MMP), Pedro Sobrado, anunciou esta sexta-feira que irá ser levado a cabo um diagnóstico infra-estrutural e transversal a todos os organismos integrados na nova empresa pública, com vista a "estabelecer prioridades em termos de estudos e obras".

Numa cerimónia promovida no Palácio da Ajuda para assinalar a entrada em funcionamento das novas empresas de gestão do Património Cultural – a MMP e o instituto público Património Cultural –, Pedro Sobrado defendeu esta medida por ser "hoje impossível determinar com exactidão a adequação da rubrica de investimento a todas as necessidades de intervenção, aquém e além-PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], que edifícios como os monumentos nacionais reclamam"

O responsável sublinhou também que este é um tempo de adaptação e estruturação, que só deverá encerrar-se em 2026, segundo prevê o próprio estudo de viabilidade económico-financeira que fundamentou a criação da empresa pública.

"Precisamos de um ano de execução orçamental para aferir da adequação dos recursos existentes às reais necessidades de funcionamento e de actividade, mas também para realizar um diagnóstico de organização, estruturar serviços e consensualizar um horizonte estratégico, ouvindo equipas e dirigentes", explicou Pedro Sobrado.

No ano que agora começa deverão também ser abertos concursos para a direcção dos museus e monumentos, adiantou o presidente da MMP, para que cada um deles tenha uma "liderança renovada" em 2025.

Quanto a iniciativas em curso, Sobrado diz ter já encontros previstos com autarquias, e prometeu que não deixará de abordar as comissões de coordenação e desenvolvimento regional, as comunidades inter-regionais, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) ou o Turismo de Portugal, entre outros.

Anunciada foi já também aquela que será a primeira "iniciativa pública de monta" da MMP: "uma grande conferência internacional", intitulada Aos Museus, Cidadãos!, organizada, em parceria com o Conselho Internacional de Museus (Icom), no quadro das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.

Para este seu mandato, Pedro Sobrado conta com a participação de mecenas e deixa o compromisso de honrar os investimentos, acrescentando pretender estabelecer parcerias e desenvolver projectos em comum com associações e organizações do sector.

No que respeita à política organizacional dos museus e monumentos, o dirigente aposta na "leveza", mas rejeita a "festivalização" para que a cultura "tende a deslizar", privilegiando antes "gestos de programação estruturantes e com relevância".

"Não invejamos a lógica do acontecimento, a hiperactividade programática que redunda frequentemente na pulverização de recursos e exaustão das equipas", afirmou.

Para Pedro Sobrado, é necessário estar à altura das exigências dos tempos actuais, apostando na comunicação, mediação e inclusão social, mas também é preciso colocar um foco no "brio do acolhimento público e na dignidade das instalações, terminando na relevância, pertinência e consistência da programação cultural".

Nesta sua nova trajectória, o antigo presidente do conselho de administração do Teatro Nacional São João não quer perder de vista o papel do turismo, lembrando que os visitantes estrangeiros são responsáveis por uma "percentagem esmagadora" das receitas próprias dos museus e monumentos.

Apesar disso, quer "renovar o sentido de pertença de Portugal ao seu património" e garantir que os portugueses se relacionam com os museus "não apenas como um bem que guardam, mas como uma realidade de que usufruem e participam".

A "leveza organizacional" que irá nortear os seus passos à frente da MMP terá "necessariamente como primeira expressão o modelo de gestão a implementar, assente nos princípios da eficácia atingir objectivos e metas , e da eficiência: fazê-lo com o menor dispêndio possível de tempo, energias e recursos, visando a agilidade administrativa e implicando uma geral desmaterialização documental".

"Inseparável deste processo é a urgente renovação da infra-estrutura tecnológica, que há muito viu expirado o seu prazo de validade, importando assegurar este investimento por via do aumento do capital estatutário, para que a operação compreendida no próprio processo de instalação da MMP não prejudique a actividade, lesando a missão de cumprimento de serviço público", argumentou.

Aplicar leveza aos espaços implica ainda a definição de uma política preventiva de gestão de riscos e sustentabilidade ambiental, "para aliviar a pegada energética e minorar a necessidade de empreitadas onerosas", acrescentou Sobrado.

No "perímetro da responsabilidade" da nova MMP, estão 38 museus, monumentos e palácios "do Nordeste transmontano ao promontório de Sagres", notou Pedro Sobrado –, entre os quais se incluem cinco monumentos classificados pela UNESCO como património mundial e 16 museus nacionais, "alguns dos quais singularizam o panorama museológico português, não se conhecendo instituições congéneres em qualquer parte do mundo".

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