IL acusa Pedro Nuno Santos de estar “nas mãos” do PCP e do BE

O PAN quer conhecer o despacho das Finanças que instruiu a Parpública a comprar as acções dos CTT e o Chega quer ouvir no Parlamento João Leão, Pedro Nuno Santos, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa.

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O líder da IL, Rui Rocha Daniel Rocha

Um "descalabro" é como o líder da Iniciativa Liberal, que acusa Pedro Nuno Santos de estar "nas mãos" do PCP e do Bloco de Esquerda, descreve as declarações do secretário-geral do PS acerca da compra de acções dos CTT pela Parpública. Já o líder do Chega, que quer ouvir Pedro Nuno Santos em audição no Parlamento, classifica o líder socialista eleito de "inapto". O PAN quer conhecer o despacho do Ministério das Finanças a instruir a compra.

Falando a partir da Assembleia da República, Rui Rocha considerou a "actuação nas últimas horas" do líder do PS e as "explicações" que veio dar esta quinta-feira um "exemplo do descalabro da gestão mediática e da posição que Pedro Nuno Santos apresentou enquanto secretário-geral do PS".

Para o líder dos liberais, "estamos perante um padrão": Quando era ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos não revelou imediatamente que tinha autorizado a indemnização da ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, tal como agora "a primeira reacção é tentar descartar-se" de dar explicações — esta quarta-feira o líder do PS remeteu o assunto para o Ministério das Finanças — e, após as "pressões que foram feitas", "vem dizer que quis esperar pelo Governo" antes de falar.

"É contraditório com o que acabou por fazer", criticou Rui Rocha, referindo-se ao facto de Pedro Nuno Santos ter prestado declarações antes do primeiro-ministro.

O presidente da IL criticou ainda o socialista por ter afirmado que a compra das acções não foi uma "moeda de troca" com o PCP e o BE para garantir a aprovação do Orçamento do Estado para 2021, mas que o Governo, sabendo qual era a posição dos partidos sobre essa matéria (a favor do controlo público dos CTT), "podia fazer um caminho para se aproximar da posição".

"PCP e Bloco sabem que, a partir de agora, nem precisam de negociar", caso Pedro Nuno Santos seja eleito primeiro-ministro, censurou Rui Rocha, insistindo que, depois da "intempestividade" que o líder do PS mostrou enquanto ministro, "estaria completamente nas mãos" dos partidos à sua esquerda enquanto primeiro-ministro.

A partir do Porto, o líder do Chega, André Ventura, repetiu os argumentos da IL ao fazer um paralelo com o caso da indemnização de Alexandra Reis. E defende que se Pedro Nuno Santos não teve conhecimento da compra das acções quando era ministro da tutela, "mostra que é completamente inapto".

PAN pede o despacho

Já o PAN quer conhecer com urgência o despacho emitido em 2021 pelo ministro das Finanças a instruir a Parpública a comprar uma posição do Estado no capital social dos CTT. "Embora tal decisão tenha dado origem a uma participação residual do Estado na empresa (de 0,25%), é lamentável que este despacho tenha sido ocultado do escrutínio público e que se tenha dispensado a avaliação prévia da Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Sector Público Empresarial", critica o partido, num requerimento entregue no Parlamento.

O Chega, por sua vez, pediu audições no Parlamento ao ex-ministro das Finanças, João Leão, a Pedro Nuno Santos, enquanto ex-ministro das Infra-estruturas, à ex-deputada e líder do BE, Catarina Martins, e ao ex-deputado e líder do PCP, Jerónimo de Sousa.

Também esta quinta-feira, o líder do PSD, Luís Montenegro, considerou a situação uma "bandalheira completa" e acusou Pedro Nuno Santos de "sacudir a água do capote".

A líder do BE, Mariana Mortágua, pediu explicações ao Governo sobre a operação de compra, questionando "qual é o interesse do Estado em ter uma mini participação de 0,2% nos CTT", citada pela Lusa. E voltou a negar que tenha existido qualquer negociação com o BE ou que a compra tenha sido comunicada ao seu partido.

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