Caso da compra de acções dos CTT é uma “bandalheira”, acusa Montenegro

Líder do PSD critica o desconhecimento assumido por Pedro Nuno Santos sobre a ordem de compra de acções dos CTT.

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Luís Montenegro condenou a postura do seu adversário socialista Nuno Ferreira Santos

O líder do PSD, Luís Montenegro, classificou, esta quinta-feira, de “bandalheira” a questão da compra de acções dos CTT pela Parpública e acusou o ex-ministro das Infra-estruturas Pedro Nuno Santos de pretender “sacudir a água do capote” neste processo.

“Se o doutor Pedro Nuno Santos não sabia, que é o que ele diz, então isto foi uma bandalheira completa”, afirmou Montenegro em Braga, à margem de uma reunião com o reitor da Universidade do Minho. "Está tudo, de facto, a brincar com coisas sérias”, desabafou.

Em declarações aos jornalistas, o líder do PSD considerou ainda “importante” que se saiba de quem foi a decisão de comprar as acções dos CTT e quais foram os objectivos, o contexto e o “retorno” desse investimento. “Por decisão de alguém que é importante que se saiba quem, um Governo que privatizou ou que pelo menos deu sequência à privatização, quis comprar acções dessa empresa. É preciso dizer porquê, em que contexto, com que finalidade, com que objectivo? Qual é o retorno?”

Montenegro disse que é com estranheza e perplexidade que vê o afastamento de Pedro Nuno Santos do processo.

“Quando a pessoa responsável por isto sacode a água do capote e diz que não é nada com eles, isto é uma bandalheira”, reiterou.

Para Montenegro, se o titular da tutela de um determinado sector da governação não é tido nem achado sobre uma decisão destas, isso significa que é tempo de os portugueses escolherem outro Governo, nas eleições de 10 de Março.

“É tempo de estas pessoas com esta cultura política e governativa saírem do Governo”, afirmou.

O Jornal Económico noticiou que o anterior Governo do PS, sem o divulgar, instruiu a Parpública a comprar acções dos CTT através de um despacho do então ministro das Finanças, João Leão.

No Parlamento, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, negou ter dado orientações ao Ministério das Finanças ou à Parpública para a compra de acções dos CTT, enquanto ministro das Infra-estruturas, e remeteu explicações sobre esta matéria para o Governo.

Em comunicado, a Parpública defendeu que "a compra de acções dos CTT, realizada até Outubro de 2021, ocorreu no cumprimento dos requisitos legais", referindo que foi feita por despacho do ministro das Finanças da altura, João Leão, e com parecer prévio da UTAM - Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Sector Público Empresarial.

A Parpública informou que detém "355.126 acções dos CTT que foram adquiridas em bolsa em 2021, o que corresponde a 0,24% do capital da empresa".

No documento da UTAM, disponibilizado pela Parpública, é referido, no entanto, que lhe foi solicitado um parecer, em 18 de Fevereiro de 2021, pelo gabinete do secretário de Estado do Tesouro acerca da operação de aquisição pela Parpública "de participação qualificada de até 13% nos CTT – Correios de Portugal".

Os CTT foram privatizados entre 2013 e 2014 pela governação PSD/CDS-PP em período de assistência financeira externa a Portugal.

Esta quinta-feira, o partido Chega apresentou um requerimento para ouvir no Parlamento Pedro Nuno Santos e os antigos líderes do PCP, Jerónimo de Sousa, e do BE, Catarina Martins, por ter sido noticiado que a decisão de compra das acções fazia parte das negociações entre os socialistas e os partidos à sua esquerda no âmbito do Orçamento do Estado para 2021.

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