Cientistas vão “resgatar” peixe-mão-vermelho da Tasmânia do calor das águas, mas prometem devolução

Cientistas vão retirar metade da população do habitat, receosos de que não sobrevivam às ondas de calor marítimas previstas. Risco de extinção da espécie ligado à deterioração das algas marinhas.

Foto
Estes peixes diferenciam-se pelas barbatanas em forma de mão, característica que lhes permite rastejar (e não nadar) no fundo do mar Handfish Conservation Project
Ouça este artigo
00:00
01:57

A população de peixe-mão-vermelho está a diminuir a passos largos (estima-se que existam apenas entre 50 a 100 exemplares na natureza), devido à degradação do habitat das algas marinhas, necessárias para a sua reprodução. Com a subida das temperaturas nos mares e oceanos — as águas do sudeste da Austrália estão a aquecer quase quatro vezes mais do que a média global —, os cientistas da Tasmânia temem o pior. Para evitar a extinção total da espécie, 25 dos peixes vão ser recolhidos e realojados no Instituto de Estudos Marinhos e Antárcticos da ilha australiana.

A espécie Thymichthys politus diferencia-se pelas barbatanas em forma de mão, característica que lhe permite rastejar (e não nadar) no fundo do mar — além de lhes dar o nome. De acordo com o projecto de conservação do peixe-mão, há 14 espécies diferentes no sul da Austrália.

Ao The Guardian, Adrian Meder descreve os peixes como “estranhos, bonitos e feios”. O gestor do programa de produtos do mar sustentáveis da Sociedade Australiana de Conservação Marinha fala também de “verdadeiros emblemas da Tasmânia”, de um “tesouro absoluto” e aponta um outro problema — os ouriços-do-mar. “Nesta cauda de água quente, [os ouriços-do-mar] estão a crescer mais rápido e a destruir, de forma voraz, o habitat do peixe-mão-vermelho”, explica.

Num comunicado, Tanya Plibersek, ministra do ambiente australiana, frisou o investimento governamental de 240 mil dólares (cerca de 216 mil euros) para a preservação da espécie. Uma parte será usada para melhorar as condições do habitat selvagem e outra para a recuperação da saúde dos animais em cativeiro.

De acordo com o jornal inglês, a recolha parcial não fará com que os cientistas deixem de acompanhar a restante população selvagem, que poderá ser recolhida, se necessário.

Uma vez ultrapassadas as previstas ondas de calor marinhas, os peixes deverão ser devolvidos à natureza.

Sugerir correcção
Comentar