Epidemia no mar Vermelho mata ouriços-do-mar e põe corais em perigo

O culpado será um parasita que causa uma morte rápida aos ouriços-do-mar. A doença pode ter matado uma espécie inteira e também ameaça os resistentes corais.

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Uma colónia de ouriços-do-mar Diadema setosum saudáveis NORBERT PROBST /GettyImages
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Omri Bronstein, investigador do Museu Steinhardt de História Natural e da Escola de Zoologia da Universidade de Telavive, segura um frasco de ouriços-do-mar num arquivo em Telavive, Israel Reuters/CORINNA KERN

Uma epidemia mortal que se está a espalhar pelo mar Vermelho matou uma espécie inteira de ouriço-do-mar no golfo de Aqaba, pondo em perigo os recifes de coral da região, que são excepcionalmente resistentes, segundo uma equipa de investigação israelita.

De acordo com uma equipa da Universidade de Telavive, toda a população de ouriços-do-mar negros, uma espécie conhecida por ajudar a manter os recifes de coral saudáveis nas águas também conhecidas como golfo de Eilat, foi dizimada ao longo de alguns meses.

As conclusões dos cientistas, publicadas em duas revistas especializadas, citam a mortalidade em massa noutros países da região, incluindo a Jordânia, o Egipto e a Arábia Saudita. O provável culpado, dizem, é um parasita ciliado causador de doenças que provoca uma morte rápida — talvez o mesmo que tem causado estragos nas populações de ouriços-do-mar nas Caraíbas.

Em apenas dois dias, um Diadema setosum saudável — um ouriço-do-mar preto de espinha longa — transforma-se num esqueleto com perda maciça de tecido, disse o investigador principal Omri Bronstein, do Museu Steinhardt de História Natural e da Escola de Zoologia da Universidade de Telavive.

Alguns dão à costa mortos. Outros são comidos por peixes, o que pode acelerar o contágio.

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Não há nada a fazer?

Os primeiros sinais de problemas surgiram no mar Mediterrâneo, onde os ouriços-do-mar invadiram ao longo dos anos, provavelmente através do canal do Suez, e se instalaram. Segundo Bronstein, há vários meses, a Grécia e a Turquia registaram relatos de mortes de ouriços-do-mar.

Embora isso tenha sido menos preocupante no início, uma vez que se tratava de uma espécie invasora, o agente patogénico voltou a entrar na população natural do mar Vermelho. “De momento, não há nada que possa ser feito para o impedir”, afirmou Bronstein.

Mas há uma “janela muito estreita”, disse, para criar uma população isolada, ou reprodutores, dos ouriços-do-mar que restam noutros locais e que poderão ser reintroduzidos mais tarde.

Os investigadores afirmam que foi apresentado um relatório às autoridades ambientais israelitas e que estão a ser estudadas medidas de emergência para proteger os recifes de coral.

Eilat, uma cidade turística israelita situada na costa norte do mar Vermelho, é um local muito popular para a prática de mergulho. Os cientistas que estudam a zona consideram-na um refúgio de corais.

Os corais que se instalaram há milhares de anos tiveram de passar por um estreito a sul que actuou como barreira térmica, garantindo-lhes maior resistência aos aumentos de temperatura que estão a ameaçar os recifes a nível mundial.

Os ouriços-do-mar desempenham um papel importante na manutenção do equilíbrio deste ecossistema, alimentando-se de algas que, de outra forma, bloqueariam a luz do sol e sufocariam os recifes. “Os corais não têm qualquer hipótese de competir com as algas. É por isso que precisamos dos ouriços-do-mar”, disse. “Sem esta espécie, como vimos — isto não é imaginação, vimo-lo acontecer diante dos nossos olhos — não terão um bom futuro.”

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