Um quarto dos peixes de água doce do planeta está em risco de extinção

As principais ameaças são as alterações climáticas e a poluição, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que compila a lista várias vezes por ano.

Foto
Actualização da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas sobre peixes de água doce foi actualizada esta segunda-feira GettyImages
Ouça este artigo
00:00
02:33

Cerca de um quarto de todas as espécies de peixes de água doce estão em risco de extinção devido às ameaças das alterações climáticas e da poluição, revelou esta segunda-feira a última Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas.

Uma das principais ameaças são os danos que as alterações climáticas estão a causar nos ciclos da água, como a descida do nível das águas e a subida do nível do mar, fazendo com que a água do mar suba os rios, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que compila a lista várias vezes por ano.

Na sua primeira análise exaustiva dos peixes de água doce, a UICN afirmou que mais de 3000 espécies, de um total de cerca de 15.000, estavam em risco.

Em Julho deste ano, o novo Livro Vermelho dos Peixes Dulciaquícolas e Diádromos de Portugal Continental trouxe também más notícias: 60% dos peixes de água doce e migradores de Portugal continental estão numa situação preocupante. Dentro desta ameaça, quase 14% foram classificadas “criticamente em perigo”, quase 35% “em perigo” e 11,6% “vulnerável”.

Salmão-do-atlântico incluído no cabaz do perigo

Também em risco está o salmão-do-atlântico, que nada tanto em água doce como em água salgada. A UICN afirma que a sua população global diminuiu 23% entre 2006 e 2020, passando da categoria “Menos preocupante” para “Quase ameaçada”. A UICN citou a mortalidade causada pelos piolhos do salmão nas explorações agrícolas, bem como o aumento das espécies invasoras, como alguns dos factores que concorrem apara a diminuição da sua população.

“Assegurar que os ecossistemas de água doce são bem geridos, que continuam a fluir livremente com água suficiente e que a qualidade da água é boa é essencial para travar o declínio das espécies e manter a segurança alimentar, os meios de subsistência e as economias num mundo resistente ao clima”, afirmou Kathy Hughes, co-presidente do Grupo de Especialistas em Peixes de Água Doce da Comissão de Sobrevivência das Espécies da UICN.

Boas notícias em terra

Outro peixe actualmente em perigo é o Brycinus ferox, que se encontra no Quénia, no maior lago desértico do mundo, o lago Turkana. A espécie desceu duas categorias, para “Vulnerável”, devido, em parte, à desidratação do habitat devido às alterações climáticas e à diminuição dos caudais de água provocada pelas barragens, segundo a UICN.

Saindo da água doce para terra firme, como nota positiva, a UICN aproveita para destacar que o órix-de-cimitarra, também conhecido como órix-branco, já não está extinto na natureza, graças a um projecto de reintrodução bem-sucedido no Chade, onde nasceram centenas de crias, segundo a UICN.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários