Félix Tshisekedi reeleito presidente da República Democrática do Congo

Oposição diz que eleições foram manipuladas, exige impugnação e pediu aos seus apoiantes para organizarem protestos.

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Tshisekedi foi eleito Presidente da RD Congo pela primeira vez em 2019 Reuters/JUSTIN MAKANGARA

As autoridades eleitorais congolesas confirmaram este domingo a reeleição de Félix Tshisekedi como Presidente da República Democrática do Congo, com mais de 70% dos votos. A oposição diz que as eleições foram manipuladas e foram convocados protestos.

Sem muitas surpresas, a comissão eleitoral congolesa confirmou a vitória de Tshisekedi nas eleições disputadas a 20 de Dezembro, em linha com as contagens parciais que foram sendo anunciadas nos últimos dias.

O actual Presidente, no poder desde 2019, obteve 73% dos votos, a uma larga distância do seu principal opositor, Moise Katumbi, que recolheu apenas 18%. O magnata do sector petrolífero Martin Fayulu ficou em terceiro lugar com 5% dos votos e nenhum dos restantes 18 candidatos conseguiu mais de 1% (entre eles o médico e Prémio Nobel da Paz, Denis Mukwege).

O presidente da comissão eleitoral, Denis Kadima, disse ainda que a taxa de participação foi de 43% num universo de 41 milhões de eleitores.

Desde o dia das eleições que a oposição denuncia irregularidades que a levam agora a rejeitar os resultados. A votação decorreu num ambiente de caos logístico, com a abertura tardia da maior parte das mesas de voto, problemas no funcionamento de urnas e filas enormes de pessoas nos locais de voto, obrigando a que as eleições fossem prolongadas por um segundo dia.

A oposição diz que os problemas na organização das eleições foram orquestrados pelas autoridades eleitorais para permitir a manipulação dos resultados em favor de Tshisekedi. O atraso na contagem dos votos ao longo de quase duas semanas reforçou a desconfiança dos opositores do Presidente.

A Igreja Católica, que organizou um sistema de contagem paralela, já havia denunciado irregularidades que põem em causa a integridade dos resultados.

Kadima admitiu a existência de problemas durante as eleições, mas negou qualquer influência na vitória de Tshisekedi. O responsável tinha dito recentemente que os candidatos da oposição defendiam a anulação das eleições apenas por serem “maus perdedores”, segundo a BBC.

Vários partidos da oposição uniram-se para criticar o que descreveram como “eleições falsas” e pediram aos seus apoiantes que se manifestem nas ruas. “Apelamos ao nosso povo que saia às ruas em massa após a proclamação da fraude eleitoral”, afirmaram os partidos da oposição a Tshisekedi.

Aguardam-se dias tensos na R.D. Congo. O Exército reforçou as suas posições em várias zonas da capital, Kinshasa. Na semana passada, uma manifestação em protesto contra as alegadas fraudes eleitorais já tinha terminado em confrontos com as forças de segurança.

A situação actual é reminiscente do que aconteceu nas eleições de 2018, também ganhas por Tshisekedi, mas cujo resultado foi contestado pela oposição. Na altura, uma contagem independente mostrou que foi Fayulu o mais votado.

Não é claro se algum dos candidatos da oposição irá apresentar uma queixa formal junto do Tribunal Constitucional para impugnar os resultados, embora Moise Katumbi já tenha rejeitado fazê-lo, alegando que os tribunais não são independentes do poder político.

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