Tshisekedi segue destacado na contagem de votos das presidenciais congolesas

Presidente da R.D. Congo surge com 76% dos votos. A comissão eleitoral prevê que a contagem esteja concluída no dia 31, mas continua sem divulgar a taxa de participação. A oposição protesta.

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Apoiantes de Martin Fayulu desafiam a polícia que, na quarta-feira, impediu um protesto da oposição Reuters/STAFF

Com base na contagem dos resultados de 46.422 assembleias de votos – de um total de quase 76 mil –, Félix Tshisekedi, o Presidente da República Democrática do Congo que se candidata a um segundo mandato, segue destacado na liderança, com 76% dos votos. Os seus dois principais adversários – Moise Katumbi (com quase 17%) e Martin Fayulu (mais de 4%) – estão a grande distância, tudo apontando para a reeleição do actual chefe de Estado.

A lentidão da contagem feita pela Comissão Nacional Independente Eleitoral (CENI) e a ausência de dados em relação à taxa de participação dos quase 44 milhões de eleitores recenseados alimentam as dúvidas sobre o resultado final, principalmente numa altura em que os seus principais opositores voltam a falar em fraude.

Na quarta-feira, uma manifestação convocada por cinco candidatos opositores para protestar contra a forma como foi conduzida a eleição (nomeadamente o prolongamento do escrutínio por mais um dia, uma decisão da CENI contrária à Constituição) redundou em confrontos com a polícia.

O Governo tinha proibido o protesto e a polícia rodeou, em Kinshasa, o quartel-general de Martin Fayulu (que tinha sido dado como vencedor nas presidenciais de 2018, que Tshisekedi ganhou sob acusações de fraude) antes da manifestação, disparando gás lacrimogéneo e usando violência para impedir a marcha. Segundo Fayulu, citado pela France 24, 11 dos seus apoiantes ficaram feridos.

Os candidatos da oposição pretendem a repetição da eleição por considerarem que as irregularidades comprometeram a credibilidade da votação de 20 e 21 de Dezembro, que, defendem, deveria ser anulada.

A missão de observação das igrejas Católica e Protestante (Conferência Episcopal Nacional do Congo e Igreja de Cristo no Congo, Cenco-ECC), que montou um sistema de contagem paralela, e outros grupos de observadores falam de problemas que põem em questão a integridade dos resultados.

A CENI reconhece os atrasos e as deficiências, mas considera que o prolongamento por mais um dia da votação permitiu que a mesma fosse livre e justa, garantindo que tudo está a seguir como previsto para que os resultados oficiais finais sejam divulgados no último dia do ano. A comissão montou um centro de contagem em Kinshasa, a que chamou Basolo, a palavra em lingala para verdade, que vem actualizando todos os dias a contagem, a que chama “tendências”.

Algo não reconhecido por Katumbi, um homem de negócios que foi governador do Catanga e é dono do clube de futebol TP Mazembe, um dos mais importantes de África (ganhou cinco vezes a Liga dos Campeões africana), e por Fayulu, bem como pela maioria dos outros 16 candidatos, entre eles, o prémio Nobel da Paz Denis Mukwege (que tem menos de 1% dos votos).

De acordo com a lei eleitoral congolesa, os resultados oficiais divulgados pela CENI deveriam ser apenas baseados nos editais de cada mesa eleitoral, assinados pelos membros da mesa e pelos observadores. No entanto, refere a Reuters, o presidente da comissão, Denis Kadima, disse à imprensa local que os números apresentados estão baseados numa combinação de boletins e de votos nas urnas electrónicas.

Na quinta-feira, a missão da Cenco-ICC pediu à CENI que publique apenas os resultados consolidados de cada centro local de contagem de votos.

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