Tribunal russo condena aliada de Navalny a nove anos de prisão

Fadeieva dirigia um dos gabinetes regionais de uma organização fundada por Alexei Navalny em 2017, que a Rússia classificou como “extremista”.

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Advogados de Ksenia Fadeyeva vão recorrer da decisão do tribunal Reuters/Maxim Shemetov
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Ksenia Fadeieva, aliada do activista político russo Alexei Navalny, conheceu esta sexta-feira o desfecho da investigação em que estava envolvida há dois anos: cumprirá nove anos e meio na prisão por, alegadamente, liderar uma “organização extremista".

Opositora do Kremlin, Fadeieva​, de 31 anos, era deputada municipal de Tomsk, na Sibéria, e dirigiu a sede local de uma rede política anticorrupção e anti-Putin fundada por Navalny em 2017 e que se estendeu por toda a Rússia, também por iniciativa de comunidades de apoiantes. Há dois anos, em 2021, as autoridades russas classificaram a organização como “extremista”, proibiram-na e condenaram os seus dirigentes a cumprir pesadas penas de prisão.

Num comunicado publicado no Telegram, um grupo de apoio a Fadeieva informou que a defesa da ex-deputada “irá, naturalmente, recorrer da decisão”. Além da pena de prisão de nove anos e meio, terá de pagar uma multa de 5000 euros.

Em reacção à sentença, um dos seus advogados, Semion Vodnev, afirmou que o julgamento “não teve nada a ver com justiça”. “Penso que o veredicto foi ilegal, infundado e injusto”, diz num vídeo divulgado pelo mesmo grupo. “É difícil para mim responder a esta questão: se disser aquilo que penso, vou acabar no mesmo lugar que a Ksenia.”

Em 2020, Fadeieva foi uma das candidatas pró-Navalny eleitas para o conselho municipal da cidade universitária de Tomsk, numa rara vitória do movimento de oposição ao regime.

Foi nesse ano, numa visita a Tomsk para apoiar a campanha eleitoral dos seus aliados, que Alexei Navalny foi envenenado com Novichok no seu quarto de hotel. Foi depois transferido para o Hospital Charité, em Berlim, e detido assim que regressou a território russo, ainda no aeroporto, em Janeiro de 2021.

Enquanto Ksenia Fadeyeva liderou a organização de Navalny na Sibéria, Tomsk tornou-se um reduto da oposição, com a cidade de 580 mil habitantes a eleger um conselho municipal com uma forte presença de críticos do Kremlin.

Embora muitos aliados de Navalny tenham deixado a Rússia a seguir à sua detenção, Fadeyeva recusou o exílio e em Dezembro de 2021 foi aberta uma investigação contra si, acusada de integrar uma “organização extremista”. Ficou proibida de aceder à Internet, participar em eventos públicos e contactar outros sem autorização prévias das autoridades. Recentemente, foi acusada de violar essas condições. Estava em prisão domiciliária desde final de Setembro e em Novembro ficou em prisão preventiva.

Alexei Navalny, a cumprir penas de prisão que totalizam 30 anos, foi transferido este mês para uma das colónias penais mais severas da Rússia, numa zona remota do Noroeste da Sibéria, conhecida pelos relatos de brutalidade física e psicológica.

Segundo o seu advogado, as autoridades russas pretendem isolá-lo ainda mais, a poucas semanas das eleições presidenciais de Março. Enquanto para os seus apoiantes o activista de 47 anos é um potencial futuro líder nacional, os mais fiéis ao regime consideram-no um extremista e traidor da Federação Russa.

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