A gestão adaptativa da rola-brava para preservar o património natural

A rola-brava é uma espécie migratória com valor de conservação e interesse cinegético, cujas populações regrediram em Portugal e na Europa nas últimas décadas.

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Rolas em parada nupcial João Francisco Valente

A minha área de estudo está relacionada com a gestão adaptativa para aves migratórias, cinegéticas e com valor de conservação. Este trabalho de investigação está focado na rola-brava (Streptopelia turtur), uma espécie cinegética catalogada na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) com o estatuto de vulnerável.

A população desta ave sofreu um declínio acentuado nas últimas três décadas, pois trata-se de uma espécie migradora proveniente da África transariana que é afetada pelas alterações climáticas, perdas de habitat e pela caça. Na Europa existe um plano de intervenção com o objetivo de recuperar a rola-brava. Em Portugal está a ser implementado um programa denominado ProRola (financiado pelo Fundo Ambiental 2023), que vai contribuir com informação atualizada para a gestão nacional deste columbídeo e, para o plano europeu referido anteriormente.

O objetivo deste doutoramento é investigar os efeitos da gestão cinegética e da gestão do habitat na conservação desta espécie. O trabalho envolve a produção de informação atual e robusta sobre parâmetros vitais da espécie (por exemplo, taxas de sobrevivência, razão etária, sucesso reprodutor) em diferentes contextos paisagísticos e de gestão do habitat.

Pretende-se contribuir para o desenvolvimento e implementação de modelos de gestão adaptativa das populações desta ave a nível nacional e internacional, compatibilizando as práticas de gestão florestal e agrícola com a caça e conservação da espécie.

Este doutoramento está incluído num esforço nacional que reúne caçadores, gestores, proprietários e investigadores para ajudar a recuperar a rola-brava, com diversas entidades intervenientes: entidades estatais (Instituto de Conservação da Natureza e Florestas e Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária); organizações do setor da caça (Associação Nacional de Proprietários de Caça, Confederação Nacional de Caçadores Portugueses e Federação Portuguesa de Caça); organizações não governamentais do ambiente (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves).

A preservação do património natural, neste caso faunístico, é uma tarefa que se exige a todos os elementos da nossa sociedade com ação direta ou indireta no meio ambiente, criando-se assim um compromisso de sustentabilidade na utilização de recursos naturais. Através da cooperação entre diversos sectores fomentamos a recuperação e conservação desta espécie emblemática da avifauna europeia.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

Estudante de doutoramento no Centro de Ecologia Aplicada “Prof. Baeta Neves”, no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa

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