Angola abandona a OPEP em desacordo com cortes na produção

“Neste momento, Angola não ganha nada” em pertencer ao cartel liderado pela Arábia Saudita, diz ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino de Azevedo.

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Angola estava na OPEP há 16 anos EPA/SASCHA STEINBACH
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O governo angolano decidiu retirar o país do cartel dos países produtores e exportadores de petróleo (OPEP) devido aos cortes de produção impostos pela Arábia Saudita e Rússia. O anúncio foi feito esta quinta-feira pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino de Azevedo, segundo a agência de notícias angolana, Angop.

"Sentimos que neste momento Angola não ganha nada mantendo-se na organização e, em defesa dos seus interesses, decidiu sair", referiu o governante. "Quando estamos nas organizações e as nossas contribuições, as nossas ideias, não produzem qualquer efeito, o melhor é retirar-se", acrescentou o ministro.

A decisão de sair da OPEP foi já “transformada em decreto-lei, assinado pelo Presidente da República, João Lourenço”, escreve a Angop.

No começo do mês, o governo de Angola já havia manifestado o seu desagrado com a decisão do cartel, que representa cerca de 40% do petróleo mundial, adiantando que o país estava disposto a incumprir a quota que lhe tinha sido atribuída para o próximo ano.

A OPEP+ (grupo que inclui os 13 membros regulares do cartel e a Rússia), reduziu a quota de produção de Angola para 1,110 milhões de barris por dia em 2024, dentro de uma estratégia de redução da oferta para valorizar as cotações internacionais, aumentando o descontentamento angolano com a estratégia da organização.

Angola protestou oficialmente da decisão, com uma carta enviada ao secretariado da OPEP no final de Novembro. "Devido ao facto que a decisão não foi tomada por unanimidade e é contra a posição de Angola, reiteramos a nossa proposta para uma quota de 1,118 milhões de barris por dia para 2024", escreveu o ministro angolano, na carta citada pelo site VOA Português.

Segundo o Jornal de Angola, a carta também frisou que o país “é membro da OPEP há mais de 16 anos e, durante este período, tem cumprido cabalmente com todas as obrigações da Organização” e tem ainda “partilhado os esforços que os países signatários da Declaração de Cooperação OPEP e Não OPEP (OPEP+) têm desenvolvido com vista a estabilizar o mercado petrolífero internacional”.

As divergências relativas às quotas de produção entre a Arábia Saudita e aliados e os países com economias frágeis e muito dependentes das receitas do petróleo não são novas. Além de Angola, têm sido noticiadas divergências com outros países africanos como Guiné Equatorial, Nigéria e a República do Congo.

Ainda assim, houve um acordo anunciado no final do mês passado para uma redução de 2,2 mil milhões de barris/dia em 2024 entre os membros do cartel, sendo de esperar subidas de preços do petróleo e combustíveis.

A OPEP+ justificou a decisão com a necessidade de “apoiar a estabilidade e o equilíbrio dos mercados petrolíferos”, adiantando que os cortes serão eliminados gradualmente “de acordo com as condições de mercado”.

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