Sonoridades, Estrangeiros, Fronteiras – um novo SEF, pela mão musical de Pierre Aderne

Chama-se Cartão de Cidadão e é a estreia, em single e videoclipe, de um projecto (mais um) lançado pelo músico brasileiro Pierre Aderne, que muito conhecerão como o dinamizador do colectivo Rua das Pretas, onde se cruzam culturas brasileiras, portuguesas e africanas. Desta vez, Cartão de Cidadão parte da parceria entre " target="_blank">Pierre a Moacyr Luz, parceria essa já selada na gravação de um álbum, Mapa dos Rios (lançado em Maio deste ano), já que foi Moacyr que musicou uma letra de Pierre. Trata-se de um samba de roda, gravado em Lisboa, nos estúdio Namouche, e nele participam, além de Pierre Aderne, vários brasileiros que, como ele, residem em Portugal: a fadista Maria Emília (natural de São Paulo), Álvaro Lancelotti (dos grupos Fino Coletivo e Roda De Santo), Adriano Siri, Valéria Lobão, Nilson Dourado, Walter Areia, Maia Balduz (cantora residente da Rua Das Pretas) e Carlos Fuchs, Participaram também na gravação artistas brasileiros residentes no Rio de Janeiro: Carlos Chaves (cavaquinho e violão sete cordas) Rafa Barros (percussão), Júnior Oliveira e Pedro Luís.

Realizado por Pierre Aderne e montado no Rio de Janeiro pela editora brasileira Gabi Paschoal, o videoclipe de Cartão de Cidadão foi filmado em Lisboa, nas ruínas do Museu Arqueológico do Carmo e nas ruas da baixa pombalina, com imagens captadas por Leonor Patrocínio e Jason Mendes, cruzadas com imagens de arquivo, a preto e branco, da emigração portuguesa em França (Bidonville, Champigny-Sur-Marne) e de retirantes nordestinos do Brasil. O videoclipe, diz-se no texto que acompanha o seu lançamento, “traz como personagem principal a cozinheira, empresária, mulher preta, baiana e migrante, radicada em Lisboa Carol Brito (Carol do Acarajé) e conta ainda com a participação da bailarina e produtora cultural, brasileira, residente em Portugal, Daniela Amorim”.

Num texto no final do videoclipe, Pierre Aderne explica Cartão de Cidadão: “O ADN do meu coração tem muitas nacionalidades. O ADN do meu coração não tem nacionalidade nenhuma. Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde são povos de migrantes, habituados à troca de fluídos culturais. A nossa identidade, a nossa história comum é feita de tolerância e abertura aos outros. Todo aquele que ergue muros e fecha fronteiras é um traidor da pátria a tentar liquidar a sua própria família. A minha identidade não é um papel emitido por um serviço burocrática. A minha identidade é feita de afetos. E o meu coração bate em português.”