Zara lamenta “mal-entendido” sobre campanha após apelos de boicote por causa de Gaza

No lançamento da colecção, no passado dia 7, a Zara afirmou que esta se inspirava na alfaiataria masculina de outros séculos.

Foto
Uma das imagens da campanha que foi retirada das redes sociais da Zara DR
Ouça este artigo
00:00
01:46

A Zara anunciou nesta terça-feira que lamenta o “mal-entendido” sobre uma campanha publicitária com manequins sem membros e estátuas envoltas em panos brancos, que desencadeou apelos a um boicote por parte de activistas pró-palestinianos.

“Infelizmente, alguns clientes sentiram-se ofendidos com estas imagens, que foram agora removidas, e viram nelas algo muito diferente do que se pretendia quando foram criadas"” declarou a marca espanhola, numa publicação na sua conta do Instagram.

Trata-se da campanha Collection 04_The Jacket. Numa das fotografias, a modelo Kristen McMenamy está a transportar um manequim embrulhado num pano branco, noutra há um busto no chão e noutra um manequim sem braços. Os críticos disseram que se assemelhavam a fotografias de cadáveres em mortalhas brancas em Gaza.

A conta recebeu dezenas de milhares de comentários sobre as fotografias, muitas das quais com bandeiras palestinianas, enquanto a hashtag #BoycottZara era tendência na plataforma X (antigo Twitter). Os críticos afirmam que as imagens se assemelham a fotografias de cadáveres em mortalhas brancas, tal como em Gaza.

“A Zara lamenta o mal-entendido e reafirma o seu profundo respeito por todos”, declarou a empresa do grupo Inditex. Entretanto, seis publicações que mostravam a campanha foram apagadas da página de Instagram da marca. A campanha foi fotografada pelo britânico Tim Walker, que trabalha para revistas como a Vogue.

No lançamento da colecção, a 7 de Dezembro — dois meses passados da entrada do Hamas em Israel, onde matou cerca de mil israelitas e raptou cerca de 1200, provocando a reacção de Israel que já levou à morte de cerca de 18 mil palestinianos —, a Zara afirmou que esta se inspirava na alfaiataria masculina dos séculos passados.

©ZARA, Photography by Tim Walker
©ZARA, Photography by Tim Walker
©ZARA, Photography by Tim Walker
©ZARA, Photography by Tim Walker
Fotogaleria
©ZARA, Photography by Tim Walker

As fotografias pareciam mostrar um estúdio de artista com escadas, materiais de embalagem, caixas de madeira e guindastes, e assistentes vestindo “macacões”. A marca informa ainda que esta campanha foi pensada em Julho e fotografada em Setembro. A colecção fotografada nesta campanha era composta por seis casacos e é uma das mais caras da Zara, com preços que vão desde 210 euros para um blazer de lã cinzenta com mangas de malha volumosa, até 735 euros para um casaco de pele com tachas.

Nesta quarta-feira, a Inditex deverá apresentar os resultados dos primeiros nove meses do seu ano fiscal, e os analistas avaliam que o crescimento das vendas terá abrandado ligeiramente no terceiro trimestre, devido a um Outubro invulgarmente quente na Europa.


Artigo actualizado às 12h22, dia 12/12/2023: acrescentado o último parágrafo; e às 13h20, dia 13/12/2023: acrescentada caixa sobre protestos na Tunísia

Sugerir correcção
Ler 14 comentários