Activistas climáticos entram no aeródromo de Tires e pintam jacto privado

Um jacto privado foi pintado com tinta vermelha no aeródromo de Tires, em Cascais, em protesto contra as emissões de CO2 dos “voos de luxo”, afirmam num comunicado activistas do movimento Climáximo.

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Membros do movimento Climáximo protestam junto a um jacto privado no aeródromo de Tires, em Cascais Climaximo/DR
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“Jactos privados são armas de destruição em massa", afirmam os activistas do movimento Climáximo Climáximo/DR
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Membros do movimento Climáximo afirmam ter entrado esta quarta-feira no aeródromo de Tires, em Cascais, e pintado um jacto privado com tinta vermelha. Os activistas climáticos acorrentaram-se às rodas do aparelho, num protesto contra as emissões de gases com efeito de estufa dos voos de luxo, anunciou o colectivo numa nota de imprensa. Seis activistas foram detidos, de acordo com um outro comunicado do grupo.

"Estar aqui corta mais emissões do que qualquer escolha individual. Os donos do mundo culpam pessoas normais de forma ingrata pelos seus hábitos, quando na realidade esta é de longe a forma de transporte com mais emissões per capita, e é usada quase exclusivamente por ultra ricos", afirma Noah Zino, do Climáximo, citado no comunicado.

No documento, o Climáximo refere ainda que uma viagem em jacto privado entre Londres e Nova Iorque "emite mais CO2 [dióxido de carbono] do que uma família portuguesa num ano inteiro".

Activistas do Climáximo já haviam pintado no domingo a fachada do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa, em protesto contra a EDP.
O grupo acusa a empresa de ser um dos maiores importadores de combustíveis fósseis para produzir energia em Portugal.

A agência Lusa tentou sem sucesso obter mais informações sobre o caso junto da esquadra do aeródromo de Tires. Fonte da esquadra da PSP de São Domingos de Rana, freguesia onde se insere o aeródromo, disse que alguns dos seus elementos foram enviados ao local.

No comunicado, acompanhado de fotos onde se podem ver alguns jovens acorrentados às rodas de um dos jactos estacionado e que foi pintado com tinta vermelha, o Climáximo lembra ainda: A ONU [Organização das Nações Unidas] afirma que o 1% tem de cortar mais de 97% das suas emissões, mas os voos duplicaram no ano passado.

Jactos privados são armas de destruição em massa, não têm lugar numa sociedade em chamas. Só a poluição da queima de combustíveis fósseis já mata, todos os anos, mais pessoas que os campos de concentração", refere o movimento.

O colectivo critica ainda o facto de os líderes mundiais se deslocarem de jacto privado aos Emirados Árabes Unidos para 'negociações climáticas', considerando que pintam uma imagem da realidade tão nítida como a tinta vermelha que os denuncia.

O Climáximo nasceu em 2015, quando diferentes movimentos emergem em diversos países a pedir acção climática. O colectivo afirma ter uma postura “anticapitalista, aberta e horizontal”. Por outras palavras, defende que apenas a mudança do modelo económico vigente poderá pôr fim à emissão desenfreada de gases com efeito de estufa.

Entre as propostas avançadas pelo Climáximo para travar a crise climática estão, por exemplo, o corte de emissões de luxo e voos supérfluos, como os de jacto privado e os voos de curta distância, o fim qualquer plano de aumento da aviação (seja um novo aeroporto em Lisboa ou a expansão em curso do Aeroporto de Cascais) e a requalificação de milhares de trabalhadores dos sectores poluentes dos transportes. A aposta, defendem, deve ser na ampliação da rede ferroviária nacional e internacional.

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