Deixámos de conversar e isso é perigoso

A verdade cada um tem a sua e o que interessa não é tanto descobri-la, mas rapidamente descartar a do outro.

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Deixámos de conseguir conversar. O fenómeno, que se vem tornando evidente há vários anos, tornou-se particularmente claro desde os trágicos incidentes de 7 de outubro em Israel. Ninguém ouve ninguém. Ninguém dá o benefício da dúvida a ninguém. Todas as afirmações, todas as declarações, se não estão já rotuladas à partida, se não estão já marcadas a ferrete, independentemente do seu conteúdo substantivo, pela tribo em que, simplisticamente, encaixamos o emissor, não merecem mais do que 30 segundos de atenção para obter um julgamento sumário. Não somos menos rápidos a salivar furiosamente de cada vez que alguém ousa pronunciar palavras saídas de um qualquer índex informal que usamos como detetor instantâneo de adversários. E com a deteção vem, lesto, o juízo. O pré-juízo e o prejuízo. A conversa pode cessar. Dali não pode vir nada de bom, nada de inteligente, nada que valha a pena sequer ponderar.

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