Tinta verde a ministros: Marcelo reprova protestos de activistas climáticos

Fernando Medina é o segundo ministro atingindo com tinta por activistas climáticos.

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Presidente da República criticou o ataque de que foi alvo o ministro das Finanças EPA/JOSE COELHO

Os ataques dos activistas pelo clima a membros do Governo, primeiro ao ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, e esta sexta-feira, ao ministro das Finanças, Fernando Medina, são considerados pelo Presidente da República como “muito pouco eficazes” e “sem sentido”.

"Se o objectivo é atacar a política ambiental portuguesa, é muito pouco eficaz", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, à margem do Congresso de 25 anos das Empresas Familiares, que decorreu esta sexta-feira em Lisboa.

Em comunicado, o movimento Greve Climática Estudantil justifica o protesto com a "recusa do Governo em fazer a transição justa que garante que temos futuro". "O Governo continua a dar pequenos passos como se tivéssemos décadas para realizar a transição energética. Temos até 2030", afirma Beatriz Xavier, estudante que atirou tinta ao ministro. O movimento tem criticado o Governo por não garantir o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e a electricidade de fontes 100% renováveis, de forma acessível, até 2025.

Para o Presidente da República “há outras maneiras de luta ou crítica a fazer”. “Não é efectiva porque para dar passos que estão a ser dados, há outras maneiras de luta ou crítica a fazer", reafirmou o chefe de Estado, sublinhando que “Portugal é um exemplo neste tema”.

“Tomara a maioria dos países no mundo estarem tão preocupados quanto os portugueses todos relativamente ao fim da dependência de energias do passado”; declarou, vincando que Portugal é um país que “não tem centrais nucleares e onde o gás é visto como solução transitória”.

Para além de se insurgir contra a “repetição” do acto por parte do grupo de activistas, Marcelo referiu que “a primeira vez, a segunda vez, a terceira vez, pode-se dizer que pelo menos tem um efeito surpresa. À décima vez já não existe efeito surpresa”, disse, observando que este tipo de actos "são simbólicos".

Acções continuam

Quase um mês depois do seu colega de Governo que tutela a pasta do Ambiente, Duarte Cordeiro, ter sido alvo de um protesto idêntico pelos activistas do clima quando participava na abertura da CNN Portugal Summit, esta sexta-feira foi a vez do ministro das Finanças ser atacado também com tinta verde lançada por uma activista da Greve Climática Estudantil. Tudo aconteceu quando discursava na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, numa sessão de apresentação do Orçamento de Estado para 2024.

O incidente foi rapidamente travado pelas forças de segurança presentes e jovem protagonista do protesto foi retirada da sala. Quanto ao ministro Fernando Medina respondeu com algum fair play: ”Pelo menos sei que tenho uma apoiante em relação à subida do IUC”, que já deu origem a uma petição contra o aumento previsto do Imposto único de Circulação para automóveis anteriores a 07-2007.

"O orçamento não contempla um plano de como vamos parar de usar o gás fóssil. Este é um passo essencial para nos mantermos dentro dos limites ditados pela ciência. Não é negociável, é uma necessidade existencial", alerta Beatriz Xavier, a estudante que atingiu o ministro com tinta.

Já este sábado, um grupo de activistas climáticos partiu o vidro da montra da loja Gucci na Avenida da Liberdade, em Lisboa, confirmou o grupo Climáximo, acrescentando que pelo menos duas pessoas foram levadas pela PSP para a esquadra.

Segundo a nota de imprensa enviada à Lusa, uma activista partiu o vidro e outras duas deixaram, na montra, a mensagem "Quebrar em caso de emergência climática" a tinta vermelha, denunciando a importância do fim das "emissões de luxo".

O grupo destaca ainda que a marca pertence ao milionário francês François-Henri Pinault, CEO da empresa Kering, e que se encontra entre os mais ricos do mundo.

"A ONU aponta que os ultra-ricos têm de cortar mais de 97% das suas emissões, no relatório de lacuna de emissões, mas o consumo de luxo nunca esteve tão alto. É preciso acabar com o consumo e as emissões de luxo. Toda esta indústria do retalho de luxo só acentua a desigualdade na raiz da crise climática. Enquanto uns lucram com o consumo e são os mais ricos da Terra, outros são despejados e deportados", sublinharam no comunicado os activistas do Climáximo.

Notícia actualizada às 23:45, acrescenta reivindicações das activistas

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