Mau tempo: quase 700 ocorrências, mais efeitos no Porto e uma família realojada

A Área Metropolitana do Porto foi a que registou mais efeitos, com 287 ocorrências. Parte do tecto da zona de restauração do Mar Shopping caiu.

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Todos os distritos de Portugal continental estão desde as 6h00 desta quinta-feira sob aviso laranja LUSA/ESTELA SILVA
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Todos os distritos do continente estão desde as 6h00 desta quinta-feira sob aviso laranja devido à chuva, vento e agitação marítima, e segundo o site da Protecção Civil foram registadas quase 669 ocorrências até às 22h30 de quarta-feira e mais 20 já durante a madrugada desta quinta-feira. A região da Área Metropolitana do Porto concentra o maior número de casos, adiantou à Lusa fonte da Protecção Civil.

Segundo informação disponível no site da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), às 6h30, foram registadas cerca de 20 ocorrências sobretudo no Norte do continente, a maioria quedas de árvores e inundações de estruturas ou superfícies. Àquela hora, mais de 40 operacionais estavam envolvidos na resolução das várias situações causadas pela chuva e vento.

Segundo a página da ANEPC, as ocorrências foram registadas no Porto, Aveiro, Évora, Coimbra, Castelo Branco e Viseu.

Fonte da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) referiu que as 669 ocorrências registadas entre as 0h00 e as 22h30 de quarta-feira empenharam 1686 operacionais.

A região da Área Metropolitana do Porto foi a que registou um maior número de ocorrências, com 287. As outras regiões mais afectadas eram as do Cávado, Ave, Aveiro e Tâmega e Sousa. Entre as tipologias das ocorrências, 147 foram por quedas de árvore, 81 limpezas de via, 43 por quedas de estruturas, 23 por movimentos de massa e 374 por inundações.

Entre as inundações, a Protecção Civil registou várias em habitações, mas a grande escala ocorreu na via urbana, detalhou a mesma fonte. Até ao momento, a ANEPC não tem registo de ocorrências com danos significativos ou vitimas.

Foz do Douro, às 20h50 de quarta-feira. Imagem: Joana Prata

Porto com 70 ocorrências e família de cinco pessoas realojada

A cidade do Porto registou esta quarta-feira, ao final do dia e à noite, 70 ocorrências devido ao mau tempo, com uma família de cinco pessoas a ter que ser realojada, adiantou a câmara local.

Uma família de cinco elementos, um casal com três filhos, da zona das Fontainhas, na freguesia do Bonfim, foi realojada devido à falta de condições de habitabilidade da sua habitação, situação causada pelo mau tempo, explicou o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, em declarações aos jornalistas. “Essa família está a caminho ou já está no Seminário de Vilar, onde terão três quartos com todas as comodidades”, frisou Rui Moreira.

O autarca lembrou que a situação é recorrente em dias de muita chuva e acrescentou que a Câmara do Porto está a tentar “adquirir aqueles terrenos para criar bacias de retenção e retirar as pessoas que ali vivem”.

O comandante dos Bombeiros Sapadores do Porto, Carlos Marques, adiantou que ocorreram até às 23h00 de quarta-feira 70 ocorrências “relativamente ligeiras” devido ao mau tempo, com infiltrações, inundações, duas quedas de árvore e quedas de estruturas, mas sem vítimas”. “Registou-se entre as 18h00 e as 20h00 um pico de precipitação bastante alto, elevado número de ocorrências, com 40 em duas horas”, detalhou.

Já Rui Moreira apontou uma “pluviosidade absolutamente anormal”, com a queda de 20 litros de água por metro quadrado na zona do Campo do 24 de Agosto e nas Fontainhas. “Temos dois túneis fechados, incluindo o túnel do Campo Alegre. Os problemas maiores que tivemos foram no Bonfim, zona das Fontainhas, Costa Cabral, Foco, Cristo-Rei, Marechal Saldanha, mas muito ao nível de caves, porque a cidade não consegue escoar esta quantidade de água”, frisou.

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Imagem de radar do Instituto Português do Mar e da Atmosfera com a intensidade da precipitação. Registo das 7h25 desta quinta-feira

Questionado sobre a antevisão dos cenários de mau tempo, Rui Moreira realçou que estes fenómenos meteorológicos são muito rápidos e imprevisíveis, lembrando que as autoridades determinaram o encerramento da Avenida de Gustavo Eiffel.

Também no distrito do Porto, de acordo com publicações nas redes sociais, o concelho de Matosinhos foi afectado pela chuva forte, com inundações em habitações e via pública, e a queda de parte do tecto na zona de restauração no Centro Comercial Mar Shopping. “A precipitação intensa que caiu durante o dia afectou algumas áreas do Mar Shopping, em Matosinhos”, pode ler-se num comunicado enviado às redacções. Segundo o Jornal de Notícias, o parque de estacionamento ficou alagado.

Vila do Conde, Valongo, Paredes, Maia e Amarante também registaram ocorrências por inundações.

Viaduto da N14 entre a Rua dos Miosótis e a Rua Aurélio Paz dos Reis às 21h15 de quarta-feira Imagem: Víctor Ferreira

A cidade de Braga também registou ocorrências por inundações na via pública, com registos do rio Este a galgar as margens em diversos pontos.

No distrito de Braga, em Guimarães, surgiram imagens da estação de camionagem alagada, enquanto a freguesia de São Torcato alertou na rede social Facebook que a via de acesso esquerdo da Colina Verde encontrava-se condicionada após “o muro de suporte da via” ter ruído, “levando parte da via”.

Em Famalicão, também foram relatadas inundações na via pública e os bombeiros locais pediram à população, através do Facebook, para contactar a corporação apenas “em caso de extrema necessidade”, depois de ter recebido “chamadas de pedidos de informações” que podiam “impedir um socorro eficaz a quem verdadeiramente necessita”.

Em São João da Madeira, no distrito de Aveiro, foram divulgadas nas redes sociais imagens de uma derrocada de um muro no campo de futebol da Sanjoanense, além de vias inundadas, tal como em Ovar.

Os distritos de Porto, Vila Real, Viana do Castelo, Braga, Viseu, Aveiro e Coimbra estiveram sob aviso laranja até às 0h00 desta quinta-feira.

Previsões para esta quinta-feira

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) informou que a depressão Aline “irá atravessar o Atlântico em fase de cavamento, aproximando-se da região centro da costa ocidental de Portugal na manhã desta quinta-feira, em deslocamento rápido para leste e transportando uma massa de ar muito quente, húmido e instável”.

O IPMA prevê para esta quinta-feira, com a passagem da depressão Aline, vento de sudoeste, tornando-se gradualmente forte nas regiões Centro e Sul a partir do início da manhã, com rajadas que poderão atingir os 110 quilómetros por hora (km/h), em especial no litoral a sul do cabo Mondego e incluindo a costa Sul do Algarve, e nas serras destas regiões. O IPMA indica que localmente poderão ocorrer rajadas pontualmente superiores aos 110 km/h, bem como fenómenos extremos de vento.

Quanto à chuva, o IPMA refere em comunicado que começou na quarta-feira nas regiões do Norte e Centro, estendendo-se ao restante território a partir da madrugada desta quinta-feira, aumentando de frequência e intensidade a partir da manhã.

De acordo com o IPMA, a agitação marítima irá aumentar, esperando-se para a costa ocidental ondas do quadrante oeste com quatro a cinco metros de altura, aumentando para cinco a sete metros e podendo atingir uma altura máxima de até 14 metros, persistindo ao longo do dia de sexta-feira. Na costa Sul do Algarve as ondas serão de sudoeste, aumentando para quatro a 4,5 metros durante a tarde.

A Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) recomendou esta quarta-feira aos cidadãos que evitem esta quinta-feira deslocações desnecessárias devido à previsão de chuva e vento forte, consequência da passagem da depressão Aline pelo continente.

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