Portugal e Bélgica com “acordo pleno na visão do mundo”, diz Marcelo

Presidente reuniu-se com os reis e outros representantes políticos da Bélgica. Há “acordo pleno na visão do mundo e da situação que nele se vive” e “acordo quanto às relações bilaterais”, constatou.

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O encontro com o primeiro-ministro belga, previsto para esta terça-feira, foi cancelado devido à situação de segurança interna LUSA/JOSE COELHO

O Presidente da República considerou esta terça-feira, após encontros com os reis e outros representantes políticos da Bélgica, que há "acordo pleno na visão do mundo" entre as autoridades dos dois países. Marcelo Rebelo de Sousa iniciou esta terça-feira uma visita de Estado de três dias à Bélgica, com algumas adaptações no programa, na sequência de um ataque com tiros na noite de segunda-feira na capital belga, em que morreram duas pessoas.

Em declarações aos jornalistas, num hotel de Bruxelas, o chefe de Estado salientou que, apesar do cancelamento de algumas cerimónias no exterior, foi decidido "manter tudo o resto, hoje e nos dias seguintes", do programa da sua visita. "O Estado não pode aceitar que uma qualquer acção criminosa, seja ou não terrorista, questione o seu funcionamento normal", defendeu.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o almoço desta terça-feira no Palácio Real foi "muito proveitoso, politicamente e economicamente que foram as matérias principalmente tratadas".

Neste almoço, além dos chefes de Estado, estiveram os ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal e da Bélgica, referiu.

Depois, o Presidente da República esteve na Câmara Municipal de Bruxelas e na Confederação das Empresas Belgas.

De manhã, foi recebido no Palácio Real, em Bruxelas, pelos reis dos belgas, Philippe e Mathilde, e no Parlamento Federal, pelas presidentes da Câmara dos Representantes da Bélgica, Eliane Tillieux, e do Senado, Stephanie D"Hose.

Num balanço destes encontros, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que se verifica "acordo pleno na visão do mundo e da situação que nele se vive" e também "acordo quanto às relações bilaterais". "Isto é um bom arranque, para primeiro dia de visita à Bélgica, num contexto que naturalmente ontem [segunda-feira] à noite foi de preocupação, mas também de actuação muito rápida e muito eficaz das autoridades belgas", acrescentou.

Neste momento, na sua opinião, "a sensação que se tem é que há uma normalidade de funcionamento, mantendo-se algumas medidas de segurança".

O encontro bilateral do Presidente da República com o primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, que estava previsto para a tarde desta terça-feira, foi cancelado, devido à situação de segurança interna. Interrogado se poderá ser remarcado para outro dia, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que "depende, naturalmente, da gestão da situação belga", circunstância em relação à qual manifestou compreensão.

Questionado sobre o terrorismo no espaço europeu, o chefe de Estado sustentou que "as estruturas de segurança estão a ter uma capacidade de prevenção e de resposta crescente" e que não se justifica um "espírito de alarme constante", embora não seja possível "garantir que não há terrorismo em qualquer ponto do mundo".

Por outro lado, recusou "especulações e projecções" que associem actos criminosos a "categorias de pessoas" ou a "fenómenos de migração".

"Eu estou aqui com uma delegação de deputados de vários partidos, de todos os grupos parlamentares. Eu ontem [segunda-feira] não senti que houvesse nenhuma diferença de reacção dos deputados presentes perante o momento que estava a ser vivido", disse, a este propósito.

Acompanham o Presidente da República na Bélgica o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, e deputados dos seis partidos com grupos parlamentares: Marta Temido, do PS, Gabriela Fonseca, do PSD, Rui Paulo Sousa, do Chega, Joana Cordeiro, da Iniciativa Liberal, Alfredo Maia, do PCP, e Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco de Esquerda.

Nestas declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que "é muito importante que a União Europeia tenha uma posição comum" sobre a situação no Médio Oriente, escusando-se a comentar a actuação de dirigentes das instituições europeias.

No seu entender, "os membros da União Europeia estão a fazer um esforço para aparecerem com um rosto, uma posição, uma voz única, e isso é muito importante".

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