Museu Britânico pede ajuda ao público para localizar peças roubadas

Novo site divulga imagens de artefactos que estão na colecção, mas que ilustram os vários tipos de objectos desaparecidos. Museu recuperou 60 peças e 300 foram já identificadas. Faltam cerca de 1600.

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Jóia gravada da Antiguidade greco-romana que ilustra o novo site criado pleo Museu Britânico para tentar recuperar peças roubadas
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Na sequência da crise provocada pelo anúncio de que cerca de duas mil peças tinham sido roubadas, ao longo dos últimos anos, das colecções do Museu Britânico, a instituição lançou agora um novo site com imagens de objectos semelhantes aos que desapareceram – sobretudo joalharia, da Pré-história à Antiguidade greco-romana –, apelando ao público para que ajude o museu a recuperá-los.

“Se o preocupa poder estar, ou ter estado, na posse de peças do Museu Britânico, ou se tem alguma outra informação que nos possa ajudar, por favor envie-nos um email para recovery@britishnuseum.org”, lê-se no site agora criado, cujas imagens foram cuidadosamente escolhidas para ajudar o público a identificar peças roubadas que possa ter visto, ou mesmo adquirido, mas sem identificar cabalmente os objectos efectivamente roubados. Um porta-voz da organização Art Loss Register, que mantém a mais extensa base de dados mundial de arte roubada, e que está a colaborar com o Museu Britânico, explicou ao jornalista Martin Bailey, da publicação The Art Newspaper, que divulgar imagens das peças roubadas pode levar “os que detêm estas peças e estão a agir de má-fé a evitar a sua detecção”, quer “usando canais de venda onde se fazem menos perguntas”, quer “destruindo o objecto”, por exemplo derretendo o ouro das jóias.

E ainda que decidisse divulgar imagens ou apresentar descrições detalhadas de todos os objectos roubados, o museu não o poderia fazer, já que simplesmente não possui um inventário devidamente elaborado de todas as peças que foi acolhendo ao longo de séculos. O facto de não existirem registos completos de muitas das jóias desaparecidas cria a suspeita de que esse pode ter sido um dos critérios usados pelo ladrão na escolha das peças a surripiar, sugerindo que este conhecia bem a casa.

É ainda assim a primeira vez, desde que assumiu os roubos em Agosto passado, que o museu divulga imagens para ajudar o público a identificar o tipo de objectos roubados: anéis, colares, brincos, objectos em vidro, ou pedras preciosas e semi-preciosas, como a que ilustra a homepage do novo site: um anel romano de sardónica (espécie de ónix vermelho) no qual foram gravadas as figuras do deus helenístico-egípcio Serápis e da deusa egípcia Ísis.

Das cerca de duas mil peças que terão sido roubadas, 60 foram entretanto devolvidas, e mais 300 terão já sido identificadas e a sua recuperação estará iminente, confirmou o Museu Britânico em comunicado. O objectivo é agora usar toda a ajuda possível para recuperar as cerca de 1600 cujo paradeiro continua a ignorar-se.

Num momento em que muitos países estão a exigir a restituição de património pilhado durante o período colonial, a constatação de que a segurança do Museu Britânico deixa bastante a desejar torna-se duplamente embaraçosa. A crise dos roubos levou já à substituição do anterior director do museu, o historiador de arte alemão Hartwig Fischer, pelo até então director do Victoria & Albert Museum, Mark Jones.

Foi também despedido um curador com décadas de casa, que a imprensa britânica identificou, mas que até ao momento não foi formalmente acusado, estando a investigação policial ainda em curso.

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