Palcos da semana: pensamento, alma lusa e a Casa dos Pais

As notas de Alceu Valença, os espaços da Casa dos Pais, a festa da alma lusa no Santa Casa Alfama, o Festival Política em Coimbra e o Cais do Sodré a MIL.

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Alceu Valença vem a Portugal apresentar-se Alceu Dispor DR
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A Turma abre a porta da Casa dos Pais José Caldeira
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O Santa Casa Alfama presta tributo ao legado da fadista Hermínia Silva DR
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A Garota Não é uma das convocadas para espalhar o manifesto do Festival Política DR
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Papillon, um dos segredos a descobrir na sétima edição do MIL DR
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Alceu Valença Alceu Dispor

Cantor, compositor, instrumentista e advogado são alguns dos títulos que se colam à pele de Alceu Valença, pernambucano de gema e ávido promotor de postais do Brasil profundo. Com 77 anos de vida e mais de 50 de carreira, o brasileiro volta a Portugal à boleia de uma digressão europeia que traz no mapa cidades como Berlim, Amesterdão, Londres, Paris, Barcelona ou Dublin.

A dar o mote ao cartaz está o novo espectáculo Alceu Dispor. O título não engana: o músico coloca a sua “avalanche de sucessos” à disposição do público, venha ela da sua autoria ou de penas alheias, sejam modas antigas ou canções novas – como as notas do álbum Senhora Estrada (2021), com que arrecadou um Grammy.

Os espaços da Casa dos Pais

Albano Jerónimo, Luís Araújo e Carla Maciel dão vida à história de três irmãos que voltam a casa dos pais para um funeral e “são forçados a interrogar o ordinário, o banal, o até aqui evidente”, explica A Turma, companhia portuense que aqui estreia esta peça.

Criada e encenada por António Afonso Parra e Luís Araújo, conta com um vídeo realizado por Tiago Guedes para colocar em diálogo “o que o teatro mostra e o cinema esconde”.

Uma reflexão a dois tempos, entre o real e o ficcional, que, segundo os autores, parte da ideia de que “mais importante do que a história é a forma como é contada”.

Ter Alfama e o proveito do fado no coração

Desenhado para servir a música que transporta a identidade e a alma lusa – seja no fado ou nas suas ramificações e ligações –, o festival Santa Casa Alfama torna a fazer a festa no coração do bairro típico que lhe empresta o nome.

Com uma dúzia de palcos, e a promessa de ter canções à espreita em “qualquer beco, viela ou praça”, esta 11.ª edição chama talentos como Camané, Mário Lundum, Beatriz Felício & Geadas, Júlio Resende, Pedro Moutinho, Teresinha Landeiro, José da Câmara, Sara Correia, Teresa Salgueiro, Matilde Cid ou Lenita Gentil.

Entre novos e consagrados, todos vestem a casaca do fado que não escolhe idades nem cumpre notas formatadas, prestando as devidas vénias à história e à memória do estilo musical que, em 2011, foi elevado a Património Cultural e Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

É nestas cordas que se homenageia o legado de Hermínia Silva (1907-1993), figura que dá o tom ao cartaz deste ano.

Em Pós-Democracia, é tempo de agir

Nesta que é a primeira edição completa do Festival Política na cidade de Coimbra, entra em cena todo um programa apontado à “defesa do sistema democrático” e à “promoção da cidadania, da intervenção cívica e dos direitos humanos”, assim descreve a cartilha.

O tema da Pós-Democracia volta a servir de pano de fundo ao pensamento – tal como aconteceu em Lisboa e Braga, respectivamente, em Abril e Maio passados –, fincando os pés na ideia de que “os valores democráticos são inegociáveis”, palavras dos directores artísticos Bárbara Rosa e Rui Oliveira Marques.

Para passar da ideia à prática, estão convocados agentes de áreas artísticas diversas. Do manifesto pela pluralidade de Fado Bicha ao registo interventivo de A Garota Não, da edição “quase quase política” dos Monstros do Ano por Fernando Alvim ao drama familiar de Alcarràs levado à tela por Carla Simón, sem esquecer o apetecido frente-a-frente entre cidadãos e deputados e os debates, exposições e oficinas infantis. Em resumo, um cartaz que dá espaço ao diálogo e convida ao debate, à reflexão e à participação. Como se quer.

Um festival para descobrir enquanto é segredo

Mais de 50 concertos distribuídos por sete salas do Cais do Sodré, para dar a conhecer a música popular actual. Assim se traça o mapa da sétima edição do MIL, um festival-convenção que toma o pulso à indústria musical e propulsiona a cena nacional em interacção com o que se faz lá fora.

Ana Lua Caiano, Papillon, Cobrafuma, Femme Falafel, Glockenwise, Lucy Val, 5.ª Punkada, Hetta, April Marmara, Margarida Campelo, Libra, Julia Mestre, Getúlio Abelha, Bebé, Leo Middea, Black Pantera, Paco Moreno, Tristan!, LaFrancessa, Amaia Miranda, William Araújo, Jessica Winter, Shoko Igarashi, Body of Pain e Dina Jashari são alguns dos nomes convidados a dar forma à mensagem do evento que lança aos melómanos, profissionais do ramo ou apenas ouvidos interessados, o repto Descobre enquanto é segredo.

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